Capítulo 6 – Novatos


Capítulo 6 – Novatos
“Os vampiros me levaram para um mundo muito ficcional. Eu precisava encarar a normalidade e parar de achar que todo mundo me atacaria, seria possível voltar ao normal depois de tudo?”.
A
Ndressa me contou que o seu novo amigo adorava Harry Potter, Attack Attack, e tinha um gato chamado Forbes e uma coruja chamada Lilith. Ela era a porta-voz dele, não ousei dirigir nenhuma palavra para aquele garoto sinistro e estranho, ele me dava medo.
Ela poderia estar me apresentando um psicopata doentio e sanguinário, pelo menos essa era a ‘impressão’ que ele me passava. Esse preconceito que eu criei contra as pessoas introvertidas era culpa dos vampiros que me ensinaram a duvidar de tudo e desconfiar de todos.
Percebi uma grande e profunda cicatriz no braço de Jefferson, parecia ser recente. Permaneci calado, escutando a nova amiga contar tudo que descobrira sobre o colega de sala. Resolvi interrompê-la.
-Fico feliz que esteja gostando!
-Não estou gostando, estou amando!
Jefferson nos deixou a sós. Respirei melhor e tentei absorver todo o ar do ambiente, fiquei feliz por tê-la em minha frente. Dei um sorriso verdadeiro.
-E como foi a sua aula? Gostou de rever os amigos?
-Sim, eles são legais, mas...
-Sua namorada está vindo, tchauzinho!
Não pude responder porque nem tive tempo para fazer isto. Em minha direção, Bruna caminhava. Andressa achava que eu tinha uma namorada, mas o que isso fazia diferença na vida dela que tinha um namorado?
-Novos amigos? – Bruna perguntou.
-Sim, novatos do curso de Música!
-Novatos são assim... Aposto que estão querendo ser amigos de veteranos para não sofrerem trotes. Pobres bichos são tão medrosos...
-Eu me lembro do nosso trote! Você declamou um trecho de “Os Lusíadas” pisando no esterco de cavalo, e como você chorava! – eu disse, dando tapinhas nas costas dela.
-E você teve que raspar o cabelo além de caminhar pela faculdade todo rasgado e gritando: Vou-me embora pra Pasárgada!
-Não me lembre disso!
-Você sempre ‘joga a toalha’ quando as coisas vão contra você!
-É porque eu sei o meu limite!
-Está apaixonado por ela?
-Como estaria apaixonado por alguém que conheci hoje?
-E quem disse que o amor tem hora e período para acontecer?
-O que você entende de amor?
-Entendo mais que você, afinal você só teve uma namorada, uma namorada virtual, aposto que você beijava o monitor antes de dormir!
-Cale a boca! – ela não deveria ter tocado no meu ‘calcanhar de Aquiles’, já que era assim o que Soraya era retratada por mim, o meu ponto fraco.
-Mais uma vez ‘apelando’, como sempre!
-Qual a parte do “me deixe em paz” você não conseguiu entender hoje?
-Está bem, corra atrás dos seus amigos novatos. Tenho certeza de que aquele moleque com cara de “oi, saí do caixão e vim pra faculdade” vai te adorar!
-Também notou algo de estranho nele?
-Algo? Eu notei tudo, o jeito de andar, de se vestir. Se eu fosse você, ficaria bem longe do namorado dela.
-Quem te disse que eles são namorados?





Capítulo 5 – Novidades


Capítulo 5 – Novidades
“Eu amaria alguém novamente? Não, como eu amei você. Se soubesse que morreria por você, não teria me deixado sem o conforto de suas mãos e o resfriamento da sua pele pálida. Eu seguirei o meu caminho, como eu não sei ou jamais saberei”.
N
ão consegui prestar atenção na aula, alguma coisa mantinha a minha cabeça ocupada, não era o amo, talvez fosse uma leve paixão por alguma desconhecida. Poderia considerar-me um garoto de sorte?
Comecei a pensar caso os vampiros se espalhassem e contaminarem a população brasileira, imaginei o presidente da República mostrando os seus caninos longos e brilhantes em canais internacionais. Criei a imagem de pessoas atacando outras no meio da rua e em plena luz do dia. Eu sabia que isso não estava longe de acontecer.
Bruna era uma das minhas colegas de sala, sempre a educada e doce amiga que queria saber como eram os meus dias e precisava de detalhes e descrições para depois fazer suas reflexões a respeito da minha vida. Não tinha contado nada sobre Soraya à ela, primeiro porque ela jamais acreditaria e depois porque ela não precisava saber exatamente de tudo o que eu fazia ou deixava de fazer. Naquele dia durante o intervalo ela soltou:
-Credo! Que cara de bobo você está hoje! Parece que teve um encontro às escuras com a bruxa de Blair. Acho que você está apaixonado. Qual o nome dela?
-Me deixe em paz! Eu não disse que estou apaixonado, e não me encontrei com ninguém!
-Não disse, mas percebe-se! Por que está bravo? Apanhou? Já sei, a garota que você gosta está afim de outro?
Neste instante, vi Andressa (Love is a losing game – Amy Winehouse) andando de mãos dadas com um garoto. Seria a Bruna uma vidente? Agora eu tinha mais motivos para estar emburrado, ela tinha um namorado. Por que isso me importava se eu não estava gostando dela? Alguns sentimentos não são compreensíveis nem para o maior psiquiatra do mundo.
-Preciso respirar um pouco! – e me afastei da Bruna.
Resolvi ficar no jardim da faculdade analisando as árvores e absorvendo a quantidade máxima de ar para que os meus pulmões ajudassem a relaxar toda a minha tensão. Uma tensão sem motivo, acho que me aproprio de quem gosto facilmente.
Andressa estava na minha frente, quando a percebi, tratei de me equilibrar em um vaso de barro. Lancei o olhar mais sem graça que eu sabia fazer e sorri com um sorriso amarelo como um suco de maracujá:
-Encontrei você de novo! –Ela disse, sorrindo.
-A faculdade não é muito grande! – dei uma resposta tentando em não parecer grosseiro.
-Quero te apresentar alguém! – e chamou uma figura que estava atrás de uns pilares.
Fiz a cara de “poucos amigos” que uso quando não estou a fim de conversar ou de demonstrar simpatia pelas pessoas. Naquele caso, era uma má impressão que eu tinha daquele sujeito.
O garoto veio se aproximando, usava roupas escuras como um dementador, talvez ele houvesse sido um dos figurantes da saga do Harry Potter e ninguém sabia. (When the lights go out – The Black Keys)Lançou um olhar estranho como se fosse um procurado da polícia. Notei que usava aparelho em seus dentes e um forte lápis preto maquiava seus olhos. Deveria ser o namorado rockeiro dela.
-Este é o Jefferson, e este é o menino do nome difícil! – Andressa disse apontando para mim.
-Wendryck, como vai? – estiquei a mão como ato da civilização ocidental, e o garoto apenas ficou me olhando como cara de quem havia encontrado o papa debaixo do viaduto pedindo esmola, então recolhi a mão.
-Jefferson também está na minha sala! Ele gosta de Rock e Screamo! Não é muito comunicativo! – a amiga tentou consertar.
Fiquei olhando para aqueles dois, eles formavam um casal perfeito. Algo de gótico, eles tinham em comum. Eu estava sobrando.

Capítulo 4 – Certezas


Capítulo 4 – Certezas
“As informações faziam muito sentido. Estava na hora de acabar com essa história e me proteger o mais rápido possível. Eu queria isto para a minha vida?”
V
Oltei a minha rotina, minha vida normal, sem vampiros ou qualquer coisa que tomasse o meu tempo ou espaço. O segundo ano de faculdade estava mais complicado, e a exigência aumentara bastante. Ninguém sabia sobre o meu envolvimento com uma vampira, e nada a respeito de minha aventura nas férias.
Caminhando pelo corredor (Monsoon- Tokio Hotel) e tentando não ser reconhecido, desviei das portas, amigos, professores, mas algo diz que sempre que tentamos nos esconder, alguma coisa é revelada e ficamos mais evidentes.
Eu não sei como ela parou na minha frente, e nem como sua semelhança era grande com alguém que eu tentava esquecer naquele momento. Pude ver seus livros voando pelo corredor, ela caída no chão ao lado dos meus óculos, talvez eu não estivesse enxergando muito bem. Sem graça, estiquei o braço para ajudá-la a levantar e ela disse:
-Isto deve ser seu! – e me entregou os óculos, peguei e tentei me lamentar pelo o ocorrido.
-Me desculpa, não sei onde estava com a cabeça... – e tratei logo de recolher todos os livros do chão.
Não sei o que as pessoas pensavam ao observar aquela cena, mas não esperariam aquele clássico beijo de quando as pessoas se esbarram, recolhem as coisas do chão, olham-se nos olhos e se beijam.
Ela era alta, diferente da Soraya, usava cabelos curtos, seus olhos eram castanhos, assim como os seus cabelos, vestia uma camiseta preta da Tokio Hotel e uma calça jeans desbotada. Percebi a forte maquiagem em seu rosto, seria uma gótica? Tudo indicava que era uma “rockeira”, uma linda “rockeira”.
-Meu nome é Andressa! Estou começando hoje!
-Sou Wendryck... er...er... Qual é o seu curso?
-Música! Pode parecer que estou fazendo faculdade por lazer, meu pai diz que a música é hobby, não profissão! Ninguém consegue viver de música, ao menos que vire um astro Teen e agrade a esse público que não tem bom gosto! E você?
-Eu faço Letras, segundo ano e pretendo me tornar um escritor! Esse seu sotaque... você não me parece ser daqui!
-E não sou, cheguei de Nova Petrópolis ontem, e já te digo que minha cidade não fica no Rio de Janeiro e sim no Rio Grande do Sul!
-Se quiser, posso te levar até a sua sala!
-Seria ótimo! Mas, me fale mais sobre você!
-Eu sou bem tímido, ainda mais que acabei de conhecer você depois de um quase-acidente!
-Acredita em afinidade? Eu senti que temos uma grande sintonia, algo nos atraiu naquele corredor e fez com que chocássemos! – ela sorriu.
Eu não poderia associar a imagem de Soraya com aquela garota. Soraya era uma vampira, incapaz de amar e ser amada, não era normal, era uma aberração da qual eu devia esquecer. Mas, por que aqueles olhos claros, a boca carnuda não saía da minha mente? Não, eu não estava me apaixonando por alguém que conheci em cinco minutos no corredor, não mesmo. Será? Fui salvo pelo sinal.
-Hora de entrar! – eu disse, arrumando minha pasta.
-Quando eu for famosa, reservarei um lugar para você nos camarotes do meu show, você me dará livros autografados?
-Se possível sim – e dei um sorriso, entrou em questão a primeira diferença, Soraya não tinha senso de humor tão aguçado, ao menos que fosse quando fazia as suas ironias.
Ela me deu um beijo na bochecha direita e saiu saltitando pelo corredor. Me senti como um garotinho de sete anos que já considerava aquele o maior e melhor beijo de sua vida.

Capítulo 3 – Pesquisas


Capítulo 3 – Pesquisas
“Eram tantas informações que eu não sabia por onde começar, primeiramente os vampiros são extremamente sedutores e conseguem hipnotizar as suas vítimas, isso eu já sabia, e muito bem por sinal.“
P
oucos seres exercem tanto fascínio quanto os vampiros, criaturas sobrenaturais que deixam sua tumba à noite para sugar o sangue de suas vítimas e eu tinha uma para chamar de minha. Entrei no site salva-vidas de qualquer estudante, o Google e busquei conhecer mais sobre a mulher que eu amava. (Lady Dada´s Nightmare – MGMT).
“O sistema nervoso de um vampiro é similar ao de um ser humano, mas há grandes diferenças na quantidade de neurotransmissores. Por exemplo, seu cérebro tem baixos níveis de serotonina, o que acaba influenciando no comportamento agressivo. Substâncias químicas que regulam os períodos de sono e vigília no homem são invertidas nos vampiros, e eles ficam ‘ligadões’ à noite.
Isso explicava o fato de que ela passava a noite me vendo dormir, será que eu roncava? Bom, resolvi ler o que falavam sobre os olhos:
“As pupilas dos vampiros são hiperdilatadas, garantindo ótima visão noturna como a de um lobo- além daquela aparência assustadora, com os olhos negros e profundos. É por causa dessa hiperdilatação que eles ficam ceguetas na claridade.
Este artigo explicava a razão dos óculos- escuros, mas eu queria mais explicações, o que mais eu não sabia?
“Seus caninos sofrem transformações radicais na hora do ataque, os dentes aumentam de tamanho, ficando perfeitos para cravar na jugular de suas presas. Como os dentões são retráteis, a criatura pode viver entre os humanos sem ser desmascarada. Um maior fluxo de sangue para a região é o que faria o canino crescer na hora do ataque.”
“Com o dobro de células sensoriais no ouvido e nas narinas em comparação aos humanos, eles são capazes de perceber a presença de uma pessoa a centenas de metros. E, se a presa já estiver sangrando, ele detecta o alvo mais facilmente ainda, com um tubarão.”
“Criaturas da noite por excelência, os vampiros nunca se expõem à luz solar. Isso explica, em parte, por que sua pele é branca como mármore. A falta de melanina também colabora para a palidez da pele, que é fria, em torno dos 16º C.”
“Com cerca de 90% dos músculos formados por fibras que permitem explosões máximas de energia- quase o dobro do que os humanos- os vampiros teriam a agilidade de um guepardo, um dos felinos mais velozes do mundo e a força de um urso”.
“Por ser um morto-vivo, o vampiro não precisa de oxigênio para fazer seu corpo funcionar e seus pulmões atrofiam. Como eles só se alimentam de sangue – que é todo absorvido no estômago e no intestino- a parte final do sistema digestivo fica sem função e atrofia. Se o vampiro ingerir algum rango normal, passa mal e vomita tudo junto com o sangue.”
“Suas unhas são pontiagudas, afiadas e duras como vidro, deixando no chinelo garras de qualquer predador. Não se reproduzem sexualmente, pois ficam estéreis na hora da transformação. Além disso, por falta de uso, os seus órgãos internos – inclusive os sexuais- se atrofiam e perdem a função.”
O que? Eu li todas as informações corretamente? Ela era fria, sem pulmão, forte, ágil, farejadora, e estéril? E os planos de formamos uma família, caíram por terra?


sábado, 30 de outubro de 2010

Capítulo 6 – Novatos


Capítulo 6 – Novatos
“Os vampiros me levaram para um mundo muito ficcional. Eu precisava encarar a normalidade e parar de achar que todo mundo me atacaria, seria possível voltar ao normal depois de tudo?”.
A
Ndressa me contou que o seu novo amigo adorava Harry Potter, Attack Attack, e tinha um gato chamado Forbes e uma coruja chamada Lilith. Ela era a porta-voz dele, não ousei dirigir nenhuma palavra para aquele garoto sinistro e estranho, ele me dava medo.
Ela poderia estar me apresentando um psicopata doentio e sanguinário, pelo menos essa era a ‘impressão’ que ele me passava. Esse preconceito que eu criei contra as pessoas introvertidas era culpa dos vampiros que me ensinaram a duvidar de tudo e desconfiar de todos.
Percebi uma grande e profunda cicatriz no braço de Jefferson, parecia ser recente. Permaneci calado, escutando a nova amiga contar tudo que descobrira sobre o colega de sala. Resolvi interrompê-la.
-Fico feliz que esteja gostando!
-Não estou gostando, estou amando!
Jefferson nos deixou a sós. Respirei melhor e tentei absorver todo o ar do ambiente, fiquei feliz por tê-la em minha frente. Dei um sorriso verdadeiro.
-E como foi a sua aula? Gostou de rever os amigos?
-Sim, eles são legais, mas...
-Sua namorada está vindo, tchauzinho!
Não pude responder porque nem tive tempo para fazer isto. Em minha direção, Bruna caminhava. Andressa achava que eu tinha uma namorada, mas o que isso fazia diferença na vida dela que tinha um namorado?
-Novos amigos? – Bruna perguntou.
-Sim, novatos do curso de Música!
-Novatos são assim... Aposto que estão querendo ser amigos de veteranos para não sofrerem trotes. Pobres bichos são tão medrosos...
-Eu me lembro do nosso trote! Você declamou um trecho de “Os Lusíadas” pisando no esterco de cavalo, e como você chorava! – eu disse, dando tapinhas nas costas dela.
-E você teve que raspar o cabelo além de caminhar pela faculdade todo rasgado e gritando: Vou-me embora pra Pasárgada!
-Não me lembre disso!
-Você sempre ‘joga a toalha’ quando as coisas vão contra você!
-É porque eu sei o meu limite!
-Está apaixonado por ela?
-Como estaria apaixonado por alguém que conheci hoje?
-E quem disse que o amor tem hora e período para acontecer?
-O que você entende de amor?
-Entendo mais que você, afinal você só teve uma namorada, uma namorada virtual, aposto que você beijava o monitor antes de dormir!
-Cale a boca! – ela não deveria ter tocado no meu ‘calcanhar de Aquiles’, já que era assim o que Soraya era retratada por mim, o meu ponto fraco.
-Mais uma vez ‘apelando’, como sempre!
-Qual a parte do “me deixe em paz” você não conseguiu entender hoje?
-Está bem, corra atrás dos seus amigos novatos. Tenho certeza de que aquele moleque com cara de “oi, saí do caixão e vim pra faculdade” vai te adorar!
-Também notou algo de estranho nele?
-Algo? Eu notei tudo, o jeito de andar, de se vestir. Se eu fosse você, ficaria bem longe do namorado dela.
-Quem te disse que eles são namorados?





sábado, 16 de outubro de 2010

Capítulo 5 – Novidades


Capítulo 5 – Novidades
“Eu amaria alguém novamente? Não, como eu amei você. Se soubesse que morreria por você, não teria me deixado sem o conforto de suas mãos e o resfriamento da sua pele pálida. Eu seguirei o meu caminho, como eu não sei ou jamais saberei”.
N
ão consegui prestar atenção na aula, alguma coisa mantinha a minha cabeça ocupada, não era o amo, talvez fosse uma leve paixão por alguma desconhecida. Poderia considerar-me um garoto de sorte?
Comecei a pensar caso os vampiros se espalhassem e contaminarem a população brasileira, imaginei o presidente da República mostrando os seus caninos longos e brilhantes em canais internacionais. Criei a imagem de pessoas atacando outras no meio da rua e em plena luz do dia. Eu sabia que isso não estava longe de acontecer.
Bruna era uma das minhas colegas de sala, sempre a educada e doce amiga que queria saber como eram os meus dias e precisava de detalhes e descrições para depois fazer suas reflexões a respeito da minha vida. Não tinha contado nada sobre Soraya à ela, primeiro porque ela jamais acreditaria e depois porque ela não precisava saber exatamente de tudo o que eu fazia ou deixava de fazer. Naquele dia durante o intervalo ela soltou:
-Credo! Que cara de bobo você está hoje! Parece que teve um encontro às escuras com a bruxa de Blair. Acho que você está apaixonado. Qual o nome dela?
-Me deixe em paz! Eu não disse que estou apaixonado, e não me encontrei com ninguém!
-Não disse, mas percebe-se! Por que está bravo? Apanhou? Já sei, a garota que você gosta está afim de outro?
Neste instante, vi Andressa (Love is a losing game – Amy Winehouse) andando de mãos dadas com um garoto. Seria a Bruna uma vidente? Agora eu tinha mais motivos para estar emburrado, ela tinha um namorado. Por que isso me importava se eu não estava gostando dela? Alguns sentimentos não são compreensíveis nem para o maior psiquiatra do mundo.
-Preciso respirar um pouco! – e me afastei da Bruna.
Resolvi ficar no jardim da faculdade analisando as árvores e absorvendo a quantidade máxima de ar para que os meus pulmões ajudassem a relaxar toda a minha tensão. Uma tensão sem motivo, acho que me aproprio de quem gosto facilmente.
Andressa estava na minha frente, quando a percebi, tratei de me equilibrar em um vaso de barro. Lancei o olhar mais sem graça que eu sabia fazer e sorri com um sorriso amarelo como um suco de maracujá:
-Encontrei você de novo! –Ela disse, sorrindo.
-A faculdade não é muito grande! – dei uma resposta tentando em não parecer grosseiro.
-Quero te apresentar alguém! – e chamou uma figura que estava atrás de uns pilares.
Fiz a cara de “poucos amigos” que uso quando não estou a fim de conversar ou de demonstrar simpatia pelas pessoas. Naquele caso, era uma má impressão que eu tinha daquele sujeito.
O garoto veio se aproximando, usava roupas escuras como um dementador, talvez ele houvesse sido um dos figurantes da saga do Harry Potter e ninguém sabia. (When the lights go out – The Black Keys)Lançou um olhar estranho como se fosse um procurado da polícia. Notei que usava aparelho em seus dentes e um forte lápis preto maquiava seus olhos. Deveria ser o namorado rockeiro dela.
-Este é o Jefferson, e este é o menino do nome difícil! – Andressa disse apontando para mim.
-Wendryck, como vai? – estiquei a mão como ato da civilização ocidental, e o garoto apenas ficou me olhando como cara de quem havia encontrado o papa debaixo do viaduto pedindo esmola, então recolhi a mão.
-Jefferson também está na minha sala! Ele gosta de Rock e Screamo! Não é muito comunicativo! – a amiga tentou consertar.
Fiquei olhando para aqueles dois, eles formavam um casal perfeito. Algo de gótico, eles tinham em comum. Eu estava sobrando.

sábado, 9 de outubro de 2010

Capítulo 4 – Certezas


Capítulo 4 – Certezas
“As informações faziam muito sentido. Estava na hora de acabar com essa história e me proteger o mais rápido possível. Eu queria isto para a minha vida?”
V
Oltei a minha rotina, minha vida normal, sem vampiros ou qualquer coisa que tomasse o meu tempo ou espaço. O segundo ano de faculdade estava mais complicado, e a exigência aumentara bastante. Ninguém sabia sobre o meu envolvimento com uma vampira, e nada a respeito de minha aventura nas férias.
Caminhando pelo corredor (Monsoon- Tokio Hotel) e tentando não ser reconhecido, desviei das portas, amigos, professores, mas algo diz que sempre que tentamos nos esconder, alguma coisa é revelada e ficamos mais evidentes.
Eu não sei como ela parou na minha frente, e nem como sua semelhança era grande com alguém que eu tentava esquecer naquele momento. Pude ver seus livros voando pelo corredor, ela caída no chão ao lado dos meus óculos, talvez eu não estivesse enxergando muito bem. Sem graça, estiquei o braço para ajudá-la a levantar e ela disse:
-Isto deve ser seu! – e me entregou os óculos, peguei e tentei me lamentar pelo o ocorrido.
-Me desculpa, não sei onde estava com a cabeça... – e tratei logo de recolher todos os livros do chão.
Não sei o que as pessoas pensavam ao observar aquela cena, mas não esperariam aquele clássico beijo de quando as pessoas se esbarram, recolhem as coisas do chão, olham-se nos olhos e se beijam.
Ela era alta, diferente da Soraya, usava cabelos curtos, seus olhos eram castanhos, assim como os seus cabelos, vestia uma camiseta preta da Tokio Hotel e uma calça jeans desbotada. Percebi a forte maquiagem em seu rosto, seria uma gótica? Tudo indicava que era uma “rockeira”, uma linda “rockeira”.
-Meu nome é Andressa! Estou começando hoje!
-Sou Wendryck... er...er... Qual é o seu curso?
-Música! Pode parecer que estou fazendo faculdade por lazer, meu pai diz que a música é hobby, não profissão! Ninguém consegue viver de música, ao menos que vire um astro Teen e agrade a esse público que não tem bom gosto! E você?
-Eu faço Letras, segundo ano e pretendo me tornar um escritor! Esse seu sotaque... você não me parece ser daqui!
-E não sou, cheguei de Nova Petrópolis ontem, e já te digo que minha cidade não fica no Rio de Janeiro e sim no Rio Grande do Sul!
-Se quiser, posso te levar até a sua sala!
-Seria ótimo! Mas, me fale mais sobre você!
-Eu sou bem tímido, ainda mais que acabei de conhecer você depois de um quase-acidente!
-Acredita em afinidade? Eu senti que temos uma grande sintonia, algo nos atraiu naquele corredor e fez com que chocássemos! – ela sorriu.
Eu não poderia associar a imagem de Soraya com aquela garota. Soraya era uma vampira, incapaz de amar e ser amada, não era normal, era uma aberração da qual eu devia esquecer. Mas, por que aqueles olhos claros, a boca carnuda não saía da minha mente? Não, eu não estava me apaixonando por alguém que conheci em cinco minutos no corredor, não mesmo. Será? Fui salvo pelo sinal.
-Hora de entrar! – eu disse, arrumando minha pasta.
-Quando eu for famosa, reservarei um lugar para você nos camarotes do meu show, você me dará livros autografados?
-Se possível sim – e dei um sorriso, entrou em questão a primeira diferença, Soraya não tinha senso de humor tão aguçado, ao menos que fosse quando fazia as suas ironias.
Ela me deu um beijo na bochecha direita e saiu saltitando pelo corredor. Me senti como um garotinho de sete anos que já considerava aquele o maior e melhor beijo de sua vida.

Capítulo 3 – Pesquisas


Capítulo 3 – Pesquisas
“Eram tantas informações que eu não sabia por onde começar, primeiramente os vampiros são extremamente sedutores e conseguem hipnotizar as suas vítimas, isso eu já sabia, e muito bem por sinal.“
P
oucos seres exercem tanto fascínio quanto os vampiros, criaturas sobrenaturais que deixam sua tumba à noite para sugar o sangue de suas vítimas e eu tinha uma para chamar de minha. Entrei no site salva-vidas de qualquer estudante, o Google e busquei conhecer mais sobre a mulher que eu amava. (Lady Dada´s Nightmare – MGMT).
“O sistema nervoso de um vampiro é similar ao de um ser humano, mas há grandes diferenças na quantidade de neurotransmissores. Por exemplo, seu cérebro tem baixos níveis de serotonina, o que acaba influenciando no comportamento agressivo. Substâncias químicas que regulam os períodos de sono e vigília no homem são invertidas nos vampiros, e eles ficam ‘ligadões’ à noite.
Isso explicava o fato de que ela passava a noite me vendo dormir, será que eu roncava? Bom, resolvi ler o que falavam sobre os olhos:
“As pupilas dos vampiros são hiperdilatadas, garantindo ótima visão noturna como a de um lobo- além daquela aparência assustadora, com os olhos negros e profundos. É por causa dessa hiperdilatação que eles ficam ceguetas na claridade.
Este artigo explicava a razão dos óculos- escuros, mas eu queria mais explicações, o que mais eu não sabia?
“Seus caninos sofrem transformações radicais na hora do ataque, os dentes aumentam de tamanho, ficando perfeitos para cravar na jugular de suas presas. Como os dentões são retráteis, a criatura pode viver entre os humanos sem ser desmascarada. Um maior fluxo de sangue para a região é o que faria o canino crescer na hora do ataque.”
“Com o dobro de células sensoriais no ouvido e nas narinas em comparação aos humanos, eles são capazes de perceber a presença de uma pessoa a centenas de metros. E, se a presa já estiver sangrando, ele detecta o alvo mais facilmente ainda, com um tubarão.”
“Criaturas da noite por excelência, os vampiros nunca se expõem à luz solar. Isso explica, em parte, por que sua pele é branca como mármore. A falta de melanina também colabora para a palidez da pele, que é fria, em torno dos 16º C.”
“Com cerca de 90% dos músculos formados por fibras que permitem explosões máximas de energia- quase o dobro do que os humanos- os vampiros teriam a agilidade de um guepardo, um dos felinos mais velozes do mundo e a força de um urso”.
“Por ser um morto-vivo, o vampiro não precisa de oxigênio para fazer seu corpo funcionar e seus pulmões atrofiam. Como eles só se alimentam de sangue – que é todo absorvido no estômago e no intestino- a parte final do sistema digestivo fica sem função e atrofia. Se o vampiro ingerir algum rango normal, passa mal e vomita tudo junto com o sangue.”
“Suas unhas são pontiagudas, afiadas e duras como vidro, deixando no chinelo garras de qualquer predador. Não se reproduzem sexualmente, pois ficam estéreis na hora da transformação. Além disso, por falta de uso, os seus órgãos internos – inclusive os sexuais- se atrofiam e perdem a função.”
O que? Eu li todas as informações corretamente? Ela era fria, sem pulmão, forte, ágil, farejadora, e estéril? E os planos de formamos uma família, caíram por terra?


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Wendryck Wonka,webnovelista & designer. Tecnologia do Blogger.