PARTE INÉDITA NO FÓRUM!
                                                                   SEM DÚVIDA, O CLÍMAX DA WEB NOVELA!


Parte 20 – Refeição
Seus olhos de serpente encontraram os meus no nada, seus olhos de serpente encontraram os meus, e mesmo com aquele sangue em seus lábios, não podia recusar a sua boca, jamais...”
            Tudo o que eu queria era mesmo ficar perto de você, todo mundo via a sintonia de nós dois, os meus amigos eram seus e na amizade o amor está.
            A semana passou como num passe de mágica, Fábio não apareceu mais. Rafael          permaneceu de “boca fechada”, mas a hora de Soso havia chegado.
            -Preciso me alimentar! –ela disse.
            -Não olhe para o meu pescoço! – disse Rafael enrolando a cortina no pescoço.
            -Tem algum lugar onde podemos levá-la? Uma fazenda abandonada? – eu perguntei enquanto tentava contê-la.
            -Claro, a fazenda da rede Record, está repleta de vacas, galinhas, porcos e muita baixaria!Morda o Brito Jr. ! – ele respondeu.
            -Rafa, isso não é uma brincadeira! – respondi com raiva.
            Os olhos de Soraya estavam opacos, sem coloração e seu rosto parecia ter perdido todo o rubor de sua juventude. Estava fraca, não sabia que ficar por um tempo prolongado sem se “alimentar”, a levaria uma grande perda de energia.      
            -Temos o antigo “Simba safári”, lá teremos vários animais que andam livremente pelas campinas! – ele respondeu.
            -Sim, eu já visitei esse zoológico quando era menor!Perfeito! Pegue o carro que não podemos perder mais tempo!- falei.
            Logo, entramos no Ford Fusion e Soraya se contorcia, achei que estava tendo uma convulsão, segurei seus pulsos e tentei acalmá-la.Ao chegarmos, Rafael constatou que o parque estava fechado, o que seria melhor para nós.
            Pulamos um enorme portão carregando Soraya nos ombros. Procuramos animais, estava escuro e Rafael iluminava o caminho com a luz do celular, fiz o mesmo quando...
            -Onde ela foi? – perguntei, olhando ao redor, e quase derrubando o celular.
            -Se alimentar, oras! – Rafael respondeu com mais uma de suas respostas óbvias.
            -Você dá respostas tão óbvias que tenho vontade de socar a sua cabeça naquela árvore! – eu disse.
            Uns sussurros e gemidos vinham atrás de uma fileira de árvores. Conforme andávamos eu podia imaginar o que encontraria a alguns passos a frente. Respirei fundo e continuei a caminhar.
            Iluminei o local e pude ver Soraya mordendo um cervo, uma gazela, na realidade não dava para identificar o ser ensangüentado. Havia sangue pelo chão e nas vestes do meu amor. Rafael desmaiou ao ver a cena.
            Priesly levantou os olhos do cadáver e me fitou com os seus olhos de serpente, verdes e flamejando como faíscas do súbito corpo em chamas. Era um misto de arrependimento e desejo incontroláveis. Eu a entendia, apesar de nunca ter visto situação parecida. Dei um leve sorriso sem graça, como forma de apoio ao monstro que eu amava. Eu disse monstro? Bem, e apenas torcia para que não fosse a próxima refeição. Ela se levantou para me abraçar, agora chorava.
            Seu choro misturava-se com os meus soluços e uma leve tremedeira foi transmitida do seu corpo para o meu. Ela segurou meus braços com uma força incrível, lançou seu olhar penetrante para mim e disse:
            -Eu sou horrível, Wend! – chorava muito, enquanto me sujava com o sangue do animal.
            -Você não é horrível, você não tem e não teve culpa de nada!- tentei confortá-la, mas o cheiro do sangue fazia o meu corpo recuar e já não estava agüentando esta situação.
            -Eu sou uma monstra, um ser abominável! – me disse mais uma vez.
            -Pare de se lamentar, a culpa de tudo isso é do tal “filho do esperto”, mas se esse idiota aparecer no nosso caminho, eu juro que...
            Ela me silenciou com um dedo em minha boca, o cheiro do sangue voltou a inflar minhas narinas. Tentou me beijar, mas afastei a cabeça tentando me esquivar, suas mãos me seguravam e foi inevitável. Nossas bocas se tocaram, e dentro de segundos eu sentia o amargo sabor do sangue de um bicho percorrendo minha boca e conseqüentemente minha garganta. Exótico, estranho, asqueroso,  foram os adjetivos mais adequados para descrever o gosto e a sensação. Rafael permanecia imóvel no chão, enquanto eu e Soraya tentávamos agir como nada tivesse acontecido. Mas, se esta foi a prova de coragem e de limite do nosso amor, por que eu ainda tinha a sensação de que a perderia em breve?
AGRADEÇO À TODOS OS NOVOS LEITORES, GOSTARIA DE 
RECEBER AS OPINIÕES DE VOCÊS!
GRATO, pelos elogios via Twitter!
Quero deixar claro, que sou um autor muito imprevisível e 
acabo me levando pelos comentários para formular a minha
web! Isto significa, que vocês podem me ajudar a decidir e 
encaminhar a web novela!

Wendryck Wonka
           
           
           
           


Parte 19 – Almoçando com o inimigo?


Parte 19 – Almoçando com o inimigo?
“Certamente ele não era uma ameaça ao meu relacionamento, mas eu poderia ficar sossegado perto daquele que eu dia tentou me passar a perna? Ele não sabia da transformação dela,mas até quando?”
            Ela colocou sobre a mesa, uma panela com macarronada e outra com frango, deu uns grunhidos e sentou-se ao meu lado.Rafael foi o primeiro a se servir, enquanto Fábio e Soraya trocavam rosnados e caretas. Que sensação estranha, não dava para agir como se nada tivesse acontecido? Eu estava tentando pelo menos.
            Soraya fez o meu prato e as caras dos dois quase me fizeram cair da banqueta. Comecei a comer. Rafael já estava terminando de comer. Pensei se os vampiros comessem com essa ferocidade, ele também seria um. Ela poderia ter perdido o apetite com a presença do Fábio, ou já estivesse com sua dieta rica em hemácias e Cia, isso era bom, pois levaria a duas interpretações com pontos de vistas diferentes.
            Assim passou o almoço, nós três comendo silenciosamente, enquanto ela assistia algo na TV. Fábio sussurrou na mesa:
            -Acho que ela me odeia!
            -Você não tem a mínima ideia do que está acontecendo com ela! –disse Rafael em tom de continuação.
            Imediatamente lancei um olhar e criei uma crise de tosse para impedi-lo de contar o segredo dela ao Fábio. Rafael sempre foi o “boca aberta” da turma.Claro, que levei tantos tapas nas costas que acreditei ter perdido o pulmão. Soraya surgiu na minha frente, como um gato quando cai do telhado, agachando- se e me perguntou:
            -O que aconteceu?
            -Nada, eu só me engasguei! – respondi.
            -Achei que fosse alguma alergia a pimenta que eu coloquei no tempero! – ela disse com uma voz maternal.
            -Já estou melhor, bebê! – eu respondi, sorrindo.
            Fábio e Rafael admiraram a nossa sintonia ou invejaram? Ela me piscou e voltou para a sala, acabei perdendo a fome. Os deixei na mesa e fui para a sala. Soraya deitou-se no meu colo e eu perguntei:           
            -O que foi agora? Acha que não vai mais comer alimentos “normais”?
            -Acho que o ciclo está se completando, perdi o apetite, a minha visão está mais embaçada com a luz, porém durante a noite consigo enxergar como uma águia!
            -E o seu “tanque” está cheio?
            -Que gíria é essa? Estou com cara de bomba de gasolina? Sim, eu não estou com sede, fique tranqüilo!Por que o Rafael chamou o Fábio?
            -Para nos visitar! O Rafael quase contou que você virou...
            -Ele não sabe guardar segredo, nunca soube! Sobre o que acha que eles estão falando?       
            -Acho que é sobre futebol, eu ouvi algo sobre “Vila Belmiro”!
            -Melhor assim! – ela disse tocando os dedos gelados sobre minhas bochechas.
            Ela me fitou com seus olhos de serpente e passamos assim a tarde toda, até quando Fábio decidiu ir embora. Depois, Priesly e Rafael discutiram pelo fato de que ele é tão x9.
            Quais eram as reais intenções de Fábio ao nos visitar? Ele sabia que ela o odiava, mesmo assim quis insistir. A qualquer momento, Rafael poderia nos delatar? Onde estava o tal “filho do esperto”? Ele já sabia onde estávamos? E Alê, como foi a sua reação após a notícia? Soraya poderia surtar a qualquer momento e matar algum de nós?
            Eu não sabia responder a essas perguntas, mas imaginava que a qualquer momento, tivéssemos uma batalha e muitas encrencas a serem enfrentadas.

Parte 18 – “Lar, estranho lar”


Parte 18 – “Lar, estranho lar”
       “E se o ar poluído de São Paulo pudesse hipnotizá-la ao ponto de fazê-la cair em outros braços?”
            Ao entrarmos no apartamento ou “apertamento” onde Rafael morava, reparei que aquele lugar era um misto de lounge com festa Rave, formado por uma estranha decoração. Na parede da sala estavam espalhados vários pôsteres da banda Kiss, em um deles a língua de Genne Simons parecia se mover como se fosse lamber a visita, um da Pâmela Anderson em S.O.S Malibu e para terminar um do Bart Simpson fazendo mais uma de suas travessuras.O sofá era preto com umas almofadas no formato da boca, símbolo utilizado pelos Rolling Stones.
            Havia um pequeno corredor, muito apertado por sinal, que nos levava a cozinha, onde bandejas, colheres, panelas, copos sujos disputavam um lugar na pia.Uma pequena mesa com uma toalha azul e umas banquetas estava no centro do ambiente.Quando ele abriu o quarto, tivemos uma surpresa, ele criava uma iguana, o animal estava imóvel em cima do travesseiro, nas paredes uma decoração apropriada para uma festa de Halloween porém muito original.Rafa era muito talentoso com a decoração, talvez por nunca ter lido uma revista Casa & Cia.
            Enfim, abriu a porta do quarto onde ficaríamos instalados, era o melhor lugar do apartamento, havia uma cama de casal com uma bela colcha dourada, uma TV, um guarda-roupa. Era um ambiente tradicional naquele apartamento exótico, se assim podem me entender. Deixamos nossas malas no quarto, e Rafa nos disse:
            -Espero que tenham gostado! É simples, mas acho que dá para sobreviver!
            -Sem problemas, cara! – eu disse.
            -Primeiro, darei um jeito nesta louça que está pior do que um botequim de quinta categoria na favela!- Soraya disse mostrando-se prestativa.
            -Eu avisei alguém hoje de manhã que vocês estavam chegando, tenho certeza de que vão gostar da visita! - ele nos disse com uma feição que misturava ansiedade e felicidade.
            -Posso saber quem é mocinho? –perguntou Soraya enquanto lavava os copos sujos de marcas de batom.
            -Só quando a pessoa chegar! ele respondeu.
            Até o horário do almoço, fiquei conversando com Rafael na sala, fazendo os preparativos da festa que seria no próprio apartamento já que gastar muito não estava nos nossos planos. Quando, a campainha tocou:
            -Quem será? –perguntou Rafa vendo através do “olho mágico” da porta.
            Nos segundos que demoraram para ele virar a chave na porta, apertando o seu chaveiro em formato de trevo - da- sorte, torci para que a tal visita não fosse mais um problema para a gente. Será que a minha torcida havia dado certo?
            Quando a porta se abriu, Soraya correu para a sala, enxugando as mãos em um pano de prato, ah, se ela soubesse como ficava linda de “dona de casa”, melhor e mais sexy do que a Dona Florinda. Eu quase subi no sofá com medo de que fosse o “filho do esperto”, até que a porta se abriu de uma vez e percebemos a presença de um rapaz de estatura média com uma camiseta do Palmeiras, aquela verde marca-texto, e um sorriso sem graça no rosto.
            -Fábio! Que bom que você veio!- disse Rafael, o empurrando para dentro.
            -Oi! –foi a única coisa que Fábio conseguiu dizer.
            Não tivemos palavras também para cumprimentá-lo naquele momento. Ele era o meu melhor amigo no RPG e era ele quem irritava Soraya com suas perguntas inconvenientes, talvez o seu inimigo número dois. Eu não falava com ele desde o meu início de namoro com Alessandra, mas sabia perfeitamente que ele e Soraya se estranhavam assim como cão e gato. Se era possível amar alguém através da internet também era possível odiar outra.
            Soraya voltou para a cozinha sem dizer nada, certamente estava furiosa com a situação. Eu sorri sem graça e o cumprimentei diplomaticamente já que não tinha problemas com ele além do ciúme sobre minha vampira. Houve um período que Fábio deu em cima da minha amada, que resistiu, mas em um momento de loucura ou sei lá o que, fez com que sua personagem não resistisse a insistência dele. Não gosto de lembrar disso, por mais que ela fosse a minha bebê era muito vingativa ao ponto de o iludi-lo só para me machucar.E se ele ainda a amasse?Estaria eu diante do meu amigo ou o mais novo inimigo?Soraya o rejeitaria mais uma vez ou me provocaria mais uma vez de uma forma diferente?E se ele descobrisse o atual estado dela e espalhasse pelos jornais?
            -O almoço está pronto!-gritou Soraya em um tom orgulhoso.
            -Almoça conosco? –perguntou Rafael olhando para o amigo.

Parte 17 – São Paulo


Parte 17 – São Paulo
“E isso era irônico demais com o trajeto que seguia, São Paulo era grande, mas, todos sabem que segredos não ficam guardados por muito tempo”
            Quando enfim chegamos ao aeroporto de Cumbica já havia amanhecido e Rafael nos esperava, com o seu cabelo espetado e cara de ansioso. Assim que pegamos as nossas malas falamos com ele.
            -Pela primeira vez estou vendo o casal que deu certo devido ao meu jogo! De certa forma eu sou o responsável por isso, estou tão feliz!-ele disse nos abraçando de uma só vez como se fosse um tamanduá.
            -Hehe... – foi a única coisa que tentei ao menos dizer.
            -Maninho!- Soraya disse. E me fez lembrar que os dois tinham uma relação de irmãos virtualmente, e se ajudavam na medida do possível, igual ao episódio quando eu me afastei dela e ele escreveu que não iria deixar mais nenhum “falso cunhado” fazer mal á ela. Seria mais cômico, se não fosse tudo verdade. E agora a origem de todo o mal era ela, e os demais eram vítimas dessa história sanguinária.
            Ele nos guiou até o seu Ford Fusion prata, o carro era maravilhoso por fora, mas por dentro explicava o fato de Rafael ter pagado tão barato pelo carro.
            -Valeu a pena comprar esse carro, a aparência engana perfeitamente!- ele disse rindo enquanto tentava fazer o motor funcionar.
            -O que é isso?- indagou Soraya tirando uma calcinha vermelha de renda debaixo do banco do passageiro. -Você é um trav...
            -Que isso, mana!É da Mel!Quê isso achar que sou um travesti!- e deu um sorriso amarelo.
            -E a Sabry? Ela está ansiosa para te visitar, mas se souber que você está com a Mel! – eu o alertei.
            -Eu gosto da Sabry, na real eu a amo! Mas, a Mel é mais acessível, me entende?Está em São Paulo mesmo, pego e deixo na hora que posso!- ele se desculpou, ou ao menos tentou.
            -Você é o meu irmão virtual, mas eu não tolero que seja tão cafajeste ao ponto de brincar com os sentimentos da minha melhor amiga, ok? –Soraya disse em um tom de alerta, confesso que achei que o pescoço dele iria sangrar naquele momento.
            -Tudo bem! Eu converso com ela todo dia, e já sei que vocês estão fugindo do Cle e que a Sora virou... - ele não concluiu.
            -Nem me lembre disso! – ela o interrompeu.
            -Bom, na minha vizinhança tem muitos animais que desejo a morte deles, se quiser posso ir te indicando conforme sua fome chegar, para isso me avise antes, ok?-ele disse.
            Eles conversavam como se tudo fosse absolutamente comum, o fato de que ela era uma vampira e que os animais serviam de alimento. Achei o papo estranho e horrível. Eram sete da manhã e ainda enfrentávamos um trânsito caótico, quando o celular de Soraya começou a tocar. Com certeza a família Priesly já sabia da nossa fuga.
            -São eles, é o número da minha casa!O que eu faço?- ela me perguntou.
            -Atende de uma vez e explique o real motivo!- eu respondi.
            -O ar poluído daqui afetou os seus neurônios, ou o quê? Você não entendeu qual parte sobre fugir? – ela me fitou com os olhos ameaçadores de sempre.
            Ela pegou o celular, abriu o compartimento atrás onde fica bateria, retirou o chip, me entregou o aparelho, abriu a janela do Ford Fusion que estava emperrada por sinal e mesmo com metade do vidro aberto, atirou o chip no rio Tietê. Praticamente, um crime ambiental, se aquele rio não fosse tão poluído que um cisco a mais não alteraria aquele esgoto a céu aberto.
            -Pronto, resolvi! – ela disse limpando as mãos como se as tivesse sujado, atirando o chip pela janela.
            Apenas dei o meu sorriso quando não tenho palavras a dizer e cujo significado era “se é assim, assim está bem”. Rafa ligou o rádio que começou a tocar a música do Barão Vermelho, “Puro Êxtase”. Soraya começou a dançar alucinadamente que o banco traseiro estava pequeno para nós dois, minha cabeça foi parar no vidro.
            -Ela está suada e pronta para se derreter!Ela é puro êxtase!- ela repetia o refrão da música sem parar. – Se o galo cantou é que tá na hora de chegar, de tão alucinada já ta rindo á toa, quando olha para os lados a todos atordoa! A sua roupa montada parece divertir os olhos gulosos de quem quer me despir! Ela é puro êxtase!- faltava uma garrafa de champanhe nas mãos para completar a alucinação da minha amada. - Sou eu, essa música é minha!Como se fosse o Wend, cantando para mim!
            Uma coisa ela tinha em comum com a música, os olhos gulosos. Fiquei a admirando por mais que negasse, ela era ordinária e perfeita, uma mistura maravilhosa que formava a minha vampira, a mais deslumbrante de todos. Eu disse minha? Até quando seria minha?

Parte 16 – No Avião


Parte 16 – No Avião
       “E mais uma vez seu feitiço havia dado certo pelo menos o início, já que eu não esperava sossego nos próximos tempos.”
            Chegamos ao aeroporto e logo o nosso vôo foi anunciado. Fizemos o check-in e aguardamos. Logo, já estávamos sentados em duas poltronas confortáveis e vermelhas e o melhor sem a terceira pessoa ao lado. Sentei próximo da janela porque adorava visualizar a pista de decolagem ser substituída pelas nuvens e aos poucos tudo parecer tão pequeno. Mas, estava escuro demais para qualquer visualização, somente as luzes pareciam vaga-lumes no chão.
            Soraya abria o seu livro e ligava a luz de leitura, estava lendo Amanhecer de Stephenie Meyer, o último da saga Crepúsculo, ao que me parecia adequado para uma recém-vampira. Ficamos em silêncio durante a maior parte do percurso, enquanto ela lia, eu tentava dormir, o que era impossível já que os meus pensamentos estavam voltados no momento em que a família Priesly encontrasse o bilhete, se é que haveria um bilhete e que o conteúdo fosse aquele que Soraya havia me contado.
            Peguei uma revista disponível no banco e comecei a folheá-la, haviam entrevistas com personagens da Fórmula 1 , achei muito entediante e eu sempre acreditei que nessas corridas haviam trapaças e muito jogo sujo.Resolvi ler os classificados no verso da entrevista era algo como um “correio sentimental”, pessoas expondo suas características,gostos e endereços em busca de uma “alma gêmea”.
            -Não acredito que com tanta tecnologia isso ainda existe! – eu disse, amassando a revista.
            -Ai, você me assustou, seu estrupício! O que te chateou na revista? Deixe-me ver, está com raiva do Bruno Senna? Ele não tem talento como o tio dele, mas... - ela disse deslizando os dedos pelas páginas da revista.
            -Não é isso! É isso! – eu disse abrindo na página onde estava o correio sentimental.
            -Parece que esse povo está atrasado, pelo menos eles têm e-mails! Mas, o que tem nisso de tão ruim, Wend?- ela perguntou olhando para a minha cara com espanto.
            -Nada em especial, só me fez lembrar de quando eu te conheci!-respondi.
            -Que eu saiba não nos encontramos em um site de relacionamento, de namoro, foi o acaso do jogo, acho que você está perturbado! – ela disse colocando a mão gélida na minha testa quente.
            -Ai, eu não estou perturbado! Só me arrependi de ter vindo com você, uma zumbi, não sei! Um cadáver que fala, anda e... Eu sou um panaca! – eu disse abaixando a cabeça.
            -Você não é um panaca, talvez tenha uns 5% de panaca, mas a revista não tem culpa das suas loucuras e surtos, e outra, essa loucura valerá a pena, você está com quem realmente ama!
            -Correndo risco de vida, tem mais algum ponto positivo de agüentar uma “mortinha” me mandar o que e não fazer?-perguntei com raiva.
            -Grita para todo mundo no avião ouvir que eu sou uma vampira, quer um megafone?Achei que você gostasse tanto de Pushing Daisies e amores impossíveis que decidi fazer essa surpresinha para você, eu sou a sua Chuck, meu bem!
            -A Chuck não é tão ruim quanto você, e eu precisaria de um labrador marrom e ter uma “toca da torta”!
            -E quem te disse que você é o meu confeiteiro? Você é mais do que um ressucitador, mas se quiser me ressucitar...
            -Devo ligar para a polícia, para a funerária ou o quê?
            -Me beije!-ela me pediu, com os olhos cintilantes.
            -Ok, te beijar e ter uma hipotermia, ter um ataque no avião e cairmos na ilha de Lost! Onde você confundirá os nossos caminhos e comerá todos da ilha!
             -Ás vezes, eu acho que a sua mentalidade é tão fértil, que você deveria começar a escrever uma história sobre a nossa relação desde o início até o meu estágio atual!Você vive reclamando, talvez o melhor fosse se eu tivesse deixado você em Curitiba com a minha irmã, daí o Cle...
            -Não continue! Você não ficará repetindo o nome desse “filho do esperto” enquanto eu estiver vivo e por perto! – eu disse.
            -Quanta rima, que tal virar um trovador?Eu tenho uma musiquinha! “Hoje as pessoas vão morrer, hoje as pessoas vão matar, espírito fatal e a psicose da morte estão no ar, o mundo poderia acabar, já agora neste momento, por que só eu estou sabendo e eu já fiz tudo que já tinha pra fazer hoje”!
            -Uau! Bela música, ainda bem que a sua voz também não ficou monstruosa, como as demais partes!
            -Acho melhor você descansar e se conscientizar de que o elo que nos une está cada vez mais forte, e eu já não posso ficar sem você e vice-versa! Você é meu, e eu serei tua assim ninguém mais poderá nos separar nem a distância de um amor virtual nem o coração ferido de um vampiro malvado! Quantas vezes eu terei que demonstrar que eu... Eu...
            -Que você...?
            -Que eu estou te... Te protegendo de todo mal que ronda a sua vida!Sei que a culpa é minha, mas eu só quero ter você por perto!
            -Minha amada cadáver, ou seria a minha noiva cadáver? Tim Burton adoraria te conhecer! Você está falando tão bonito que eu achei que agora iria se declarar para mim!
            -Eu? Me declarar para um ser tão estúpido e chato como você? Imagina só, eu me derretendo por um humano orgulhoso que não assume que está feliz ao meu lado!
            -Você não se derrete porque é mais gelada do que um iceberg, mas agora com o aquecimento global pode ser que o seu gelo derreta!Eu não vou mais discutir, porque detesto barracos em lugares públicos!
            Como ela podia ser tão dissimulada e orgulhosa em dizer aquilo depois de tudo? Como se eu estivesse ali por espontânea vontade ao invés do perigo! QUEM disse que ela era o melhor para mim e que este era o melhor caminho? Poderia eu retornar e colocar um ponto final nesta história de ser o companheiro das aventuras e desventuras de uma recém-vampira?
           

Parte 15- Seqüestro



Parte 15- Seqüestro
 “A minha megera indomada me levava numa direção absurda, eu corria risco de vida, mas isso era tão importante?”
            Soraya abriu pausadamente a porta da sala para que eu pudesse levar as seis malas, uma quantidade exagerada com o guarda-roupa todo dela. Assim que o portão abriu, Sabry saltou do carro preto dando sorrisinhos de alegria.
            -Vocês sabem que sempre foram o meu trauma favorito no jogo! –disse ela unindo as mãos.
            -Obrigado, mas você pode abrir o porta-malas, por favor? –perguntei enquanto me equilibrava com as malas.
            -Só um minuto Wend!Deixe-me terminar de falar, não sabem o quanto eu estou emocionada com isso, vocês são tão perfeitos! –disse a garota apertando a minha bochecha.
            -Sabry, será que dá para abrir esse negócio logo?Ou está esperando que o Wend derrube todas essas malas e faça um barulho que desperte toda a minha vizinhança? – disse Soraya trocando a expressão de riso por raiva.
            -Ai que saco!No carro eu falarei mais!-ela disse com raiva enquanto o porta-malas espaçoso se abria.
            Após passos silenciosos e uma batida leve para que o portão trancasse, entramos no carro e Sabry saiu pilotando em alta velocidade como se estivesse na fórmula alguma coisa.
            -O que escreveu no bilhete? –perguntei á Soraya.
            -Eu escrevi “queridos, tive que tomar uma medida de emergência, levei o Wend comigo! Ale não me mate, ele nem te amava mesmo! Fiz o que será melhor para todos, quando a situação ficar mais estável prometo contar-lhes a verdade, beijos gelados da ETERNA Soso”!
            -Sua irmã desejará que eu morra e seus pais pensarão que isso é um seqüestro!Mas, não identifico ainda quem seqüestrou quem!- eu disse.
            -Um amor bandido vampírico, adoro filmes assim! –disse Sabry se remexendo em seu banco de couro rosa.
            -Não é filme, é vida real! – reclamou Soraya.       
            -Chegamos amores! – disse Sabry dando gritinhos entre as palavras de alegria. -Aqui estão as passagens e o Rafa disse que aguardará vocês no aeroporto de Cumbica, bem você tem o celular dele né, Soso?
            -Claro, muito obrigada, minha melhor amiga da vida virtual e real!Tudo está funcionando conforme o planejado! –disse Soso, abraçando a amiga entre os bancos do carro.
            -Você sabe que eu sou eficiente!Mas, antes de saírem eu quero tirar uma foto com vocês e outra de vocês! – disse Sabry, retirando da bolsa da pantera cor-de-rosa, uma câmera rosa para variar um pouco.
            Ela passou para o banco traseiro, nos abraçou e a máquina programada tirou um belo retrato apesar das nossas caras sonolentas.
            -Calma, agora eu quero uma de vocês se beijando! – ela pediu batendo a cabeça no teto do carro.
            -Isso não é possível!Não estamos juntos! – eu disse.
            -Oficialmente já estamos, basta você querer! – respondeu Soraya.
            Olhei para aqueles olhos verdes-escuros e, já que me envolvi em uma louca história e a minha relação com Alessandra havia saído pela porta, não hesitei. Sabry tirou uma foto que mais parecia com aquelas fotos de recém-casados.
            -Perfeita!Divirtam-se em São Paulo, meus amores! – falou Sabry em tom maternal, enquanto eu pegava nossas malas.
            -Se minha irmã aparecer na sua casa ou entrar em contato pelo Orkut ou algo do tipo, diga que não sabe de nada, e se o Cle aparecer... -recomendou Soraya.
            -Diga que a Soraya me seqüestrou para me matar, você não deve dar satisfações para aquele vampiro imbecil, o “filho do esperto”! – eu a interrompi.
            -Pode deixar, pretendo ir a São Paulo em breve! – disse Sabry.

Parte 14 – A Fuga


            Parte 14 – A Fuga

“E se eu contasse tudo? Poderia estragar a fuga, mas o que  faríamos com uma vampira á solta? O melhor a se fazer era...”
            -Sua irmã está com problemas, acho!Mas, não quis me contar!
            -Estranho, porque você está com cara de cúmplice!Me entende? – Ela disse tocando no meu rosto.
            -Cúmplice? Só se for de um resgate! – disse sorrindo, tentando mais uma vez dispersar o assunto abordado.
            -Tá bom!Agora me beije como se fosse a última vez!
            Será que ela descobriu que esta era a última vez?Podia ler a minha mente? Eu deixava tudo tão evidente?Não poderia dar sinais da minha fuga.
            -Como assim? – perguntei, franzindo a testa.
            -Nunca ouviu a música “Bésame mucho”?
            -Ah, claro que sim!- só depois desse alívio, a beijei.
            Quando voltamos para a residência dos Priesly já era tarde, e para a minha sorte e de Soraya, todos foram dormir “cedo” naquele dia. Após me despedir de Ale, me tranquei no quarto como se fosse mais uma noite de sono, até ouvir três leves batidas na porta.
            -Já vai, calma!- eu disse com raiva. –Você?
            -Quem achou que fosse? A bruxa de Blair? Ou a minha irmã, a rockeira louca? Já arrumou tudo?
            -Sim, dona vampira, dona do meu sangue!
            -Cala a boca Wend!Acho melhor você sair por aí gritando e revelando a minha condição secreta!
            -Se eu gritar você me morderá? –olhei sugestivamente.
            -Não te morderei, mas posso te matar que é mais eficiente!
            -Quer saber? Eu não fugir com você, se o “filho do esperto” quiser me matar eu denuncio para o centro de aberrações da natureza antes de qualquer coisa ou para o zoonoses!
            -Primeiro isso não existe e ninguém vai acreditar em você! No mínimo você será internado em um hospício ou uma clínica de recuperação mental!
            -E você irá comigo já que o seu pai pretende te internar lá também!
            -Você já arrumou as coisas?
            -Já, vampira louca! Mas, ainda não sei porque entrei nesta fria literalmente!
            -Porque você ama, ainda!
            -Infelizmente tenho que admitir algo que não é perigoso em dizer, já que vou ficar com a “imagem suja” com a sua irmã!
            -Eu deixarei um bilhete á eles!
            -Vai escrever o quê? Seqüestrei o seu namorado, se quiser pague a recompensa de...
            -Não! Mas, pedirei desculpas por mim e por você!
            -Que bom! Acho que a vampira má ainda tem um bom coração, mesmo que seja de papelão!
            -Se for para você me tratar com essa ironia e sarcasmo é melhor que eu mate você e fuja sozinha!
            -Vá em frente! Me mate de uma vez, tire a minha alma, me deixe desencarnado, mas eu duvido que conseguirá se esquecer de mim, eu sou inesquecível, o seu presente do natal!
            -Você é definitivamente o meu karma!
            -Sabe que eu posso lhe dizer o mesmo!Por que estou no Paraná? Ah, porque uma guria virou vampira e maltrata os familiares, e o que eu tenho a ver com isso?Ah, eu namorei virtualmente por um longo tempo, com essa louca recém-transformada!
            -E agora está com a minha irmã!
            -Coisa que aconteceria se eu não te conhecesse naquele RPG!
            -Meu celular está tocando!
            -Atende, pode ser algum dos Volturi dizendo que sua cabeça será cortada!
            -Não me diga o que fazer ou não!Alô! Você já está aqui? Vamos sair! Wend pegue suas malas e as minhas também, enquanto eu abro aquela porta barulhenta com delicadeza!
            -Você levará quatro malas?-eu perguntei, não acreditando no peso que segurava.

sábado, 31 de julho de 2010

PARTE INÉDITA NO FÓRUM!
                                                                   SEM DÚVIDA, O CLÍMAX DA WEB NOVELA!


Parte 20 – Refeição
Seus olhos de serpente encontraram os meus no nada, seus olhos de serpente encontraram os meus, e mesmo com aquele sangue em seus lábios, não podia recusar a sua boca, jamais...”
            Tudo o que eu queria era mesmo ficar perto de você, todo mundo via a sintonia de nós dois, os meus amigos eram seus e na amizade o amor está.
            A semana passou como num passe de mágica, Fábio não apareceu mais. Rafael          permaneceu de “boca fechada”, mas a hora de Soso havia chegado.
            -Preciso me alimentar! –ela disse.
            -Não olhe para o meu pescoço! – disse Rafael enrolando a cortina no pescoço.
            -Tem algum lugar onde podemos levá-la? Uma fazenda abandonada? – eu perguntei enquanto tentava contê-la.
            -Claro, a fazenda da rede Record, está repleta de vacas, galinhas, porcos e muita baixaria!Morda o Brito Jr. ! – ele respondeu.
            -Rafa, isso não é uma brincadeira! – respondi com raiva.
            Os olhos de Soraya estavam opacos, sem coloração e seu rosto parecia ter perdido todo o rubor de sua juventude. Estava fraca, não sabia que ficar por um tempo prolongado sem se “alimentar”, a levaria uma grande perda de energia.      
            -Temos o antigo “Simba safári”, lá teremos vários animais que andam livremente pelas campinas! – ele respondeu.
            -Sim, eu já visitei esse zoológico quando era menor!Perfeito! Pegue o carro que não podemos perder mais tempo!- falei.
            Logo, entramos no Ford Fusion e Soraya se contorcia, achei que estava tendo uma convulsão, segurei seus pulsos e tentei acalmá-la.Ao chegarmos, Rafael constatou que o parque estava fechado, o que seria melhor para nós.
            Pulamos um enorme portão carregando Soraya nos ombros. Procuramos animais, estava escuro e Rafael iluminava o caminho com a luz do celular, fiz o mesmo quando...
            -Onde ela foi? – perguntei, olhando ao redor, e quase derrubando o celular.
            -Se alimentar, oras! – Rafael respondeu com mais uma de suas respostas óbvias.
            -Você dá respostas tão óbvias que tenho vontade de socar a sua cabeça naquela árvore! – eu disse.
            Uns sussurros e gemidos vinham atrás de uma fileira de árvores. Conforme andávamos eu podia imaginar o que encontraria a alguns passos a frente. Respirei fundo e continuei a caminhar.
            Iluminei o local e pude ver Soraya mordendo um cervo, uma gazela, na realidade não dava para identificar o ser ensangüentado. Havia sangue pelo chão e nas vestes do meu amor. Rafael desmaiou ao ver a cena.
            Priesly levantou os olhos do cadáver e me fitou com os seus olhos de serpente, verdes e flamejando como faíscas do súbito corpo em chamas. Era um misto de arrependimento e desejo incontroláveis. Eu a entendia, apesar de nunca ter visto situação parecida. Dei um leve sorriso sem graça, como forma de apoio ao monstro que eu amava. Eu disse monstro? Bem, e apenas torcia para que não fosse a próxima refeição. Ela se levantou para me abraçar, agora chorava.
            Seu choro misturava-se com os meus soluços e uma leve tremedeira foi transmitida do seu corpo para o meu. Ela segurou meus braços com uma força incrível, lançou seu olhar penetrante para mim e disse:
            -Eu sou horrível, Wend! – chorava muito, enquanto me sujava com o sangue do animal.
            -Você não é horrível, você não tem e não teve culpa de nada!- tentei confortá-la, mas o cheiro do sangue fazia o meu corpo recuar e já não estava agüentando esta situação.
            -Eu sou uma monstra, um ser abominável! – me disse mais uma vez.
            -Pare de se lamentar, a culpa de tudo isso é do tal “filho do esperto”, mas se esse idiota aparecer no nosso caminho, eu juro que...
            Ela me silenciou com um dedo em minha boca, o cheiro do sangue voltou a inflar minhas narinas. Tentou me beijar, mas afastei a cabeça tentando me esquivar, suas mãos me seguravam e foi inevitável. Nossas bocas se tocaram, e dentro de segundos eu sentia o amargo sabor do sangue de um bicho percorrendo minha boca e conseqüentemente minha garganta. Exótico, estranho, asqueroso,  foram os adjetivos mais adequados para descrever o gosto e a sensação. Rafael permanecia imóvel no chão, enquanto eu e Soraya tentávamos agir como nada tivesse acontecido. Mas, se esta foi a prova de coragem e de limite do nosso amor, por que eu ainda tinha a sensação de que a perderia em breve?
AGRADEÇO À TODOS OS NOVOS LEITORES, GOSTARIA DE 
RECEBER AS OPINIÕES DE VOCÊS!
GRATO, pelos elogios via Twitter!
Quero deixar claro, que sou um autor muito imprevisível e 
acabo me levando pelos comentários para formular a minha
web! Isto significa, que vocês podem me ajudar a decidir e 
encaminhar a web novela!

Wendryck Wonka
           
           
           
           

segunda-feira, 26 de julho de 2010


Parte 19 – Almoçando com o inimigo?


Parte 19 – Almoçando com o inimigo?
“Certamente ele não era uma ameaça ao meu relacionamento, mas eu poderia ficar sossegado perto daquele que eu dia tentou me passar a perna? Ele não sabia da transformação dela,mas até quando?”
            Ela colocou sobre a mesa, uma panela com macarronada e outra com frango, deu uns grunhidos e sentou-se ao meu lado.Rafael foi o primeiro a se servir, enquanto Fábio e Soraya trocavam rosnados e caretas. Que sensação estranha, não dava para agir como se nada tivesse acontecido? Eu estava tentando pelo menos.
            Soraya fez o meu prato e as caras dos dois quase me fizeram cair da banqueta. Comecei a comer. Rafael já estava terminando de comer. Pensei se os vampiros comessem com essa ferocidade, ele também seria um. Ela poderia ter perdido o apetite com a presença do Fábio, ou já estivesse com sua dieta rica em hemácias e Cia, isso era bom, pois levaria a duas interpretações com pontos de vistas diferentes.
            Assim passou o almoço, nós três comendo silenciosamente, enquanto ela assistia algo na TV. Fábio sussurrou na mesa:
            -Acho que ela me odeia!
            -Você não tem a mínima ideia do que está acontecendo com ela! –disse Rafael em tom de continuação.
            Imediatamente lancei um olhar e criei uma crise de tosse para impedi-lo de contar o segredo dela ao Fábio. Rafael sempre foi o “boca aberta” da turma.Claro, que levei tantos tapas nas costas que acreditei ter perdido o pulmão. Soraya surgiu na minha frente, como um gato quando cai do telhado, agachando- se e me perguntou:
            -O que aconteceu?
            -Nada, eu só me engasguei! – respondi.
            -Achei que fosse alguma alergia a pimenta que eu coloquei no tempero! – ela disse com uma voz maternal.
            -Já estou melhor, bebê! – eu respondi, sorrindo.
            Fábio e Rafael admiraram a nossa sintonia ou invejaram? Ela me piscou e voltou para a sala, acabei perdendo a fome. Os deixei na mesa e fui para a sala. Soraya deitou-se no meu colo e eu perguntei:           
            -O que foi agora? Acha que não vai mais comer alimentos “normais”?
            -Acho que o ciclo está se completando, perdi o apetite, a minha visão está mais embaçada com a luz, porém durante a noite consigo enxergar como uma águia!
            -E o seu “tanque” está cheio?
            -Que gíria é essa? Estou com cara de bomba de gasolina? Sim, eu não estou com sede, fique tranqüilo!Por que o Rafael chamou o Fábio?
            -Para nos visitar! O Rafael quase contou que você virou...
            -Ele não sabe guardar segredo, nunca soube! Sobre o que acha que eles estão falando?       
            -Acho que é sobre futebol, eu ouvi algo sobre “Vila Belmiro”!
            -Melhor assim! – ela disse tocando os dedos gelados sobre minhas bochechas.
            Ela me fitou com seus olhos de serpente e passamos assim a tarde toda, até quando Fábio decidiu ir embora. Depois, Priesly e Rafael discutiram pelo fato de que ele é tão x9.
            Quais eram as reais intenções de Fábio ao nos visitar? Ele sabia que ela o odiava, mesmo assim quis insistir. A qualquer momento, Rafael poderia nos delatar? Onde estava o tal “filho do esperto”? Ele já sabia onde estávamos? E Alê, como foi a sua reação após a notícia? Soraya poderia surtar a qualquer momento e matar algum de nós?
            Eu não sabia responder a essas perguntas, mas imaginava que a qualquer momento, tivéssemos uma batalha e muitas encrencas a serem enfrentadas.

Parte 18 – “Lar, estranho lar”


Parte 18 – “Lar, estranho lar”
       “E se o ar poluído de São Paulo pudesse hipnotizá-la ao ponto de fazê-la cair em outros braços?”
            Ao entrarmos no apartamento ou “apertamento” onde Rafael morava, reparei que aquele lugar era um misto de lounge com festa Rave, formado por uma estranha decoração. Na parede da sala estavam espalhados vários pôsteres da banda Kiss, em um deles a língua de Genne Simons parecia se mover como se fosse lamber a visita, um da Pâmela Anderson em S.O.S Malibu e para terminar um do Bart Simpson fazendo mais uma de suas travessuras.O sofá era preto com umas almofadas no formato da boca, símbolo utilizado pelos Rolling Stones.
            Havia um pequeno corredor, muito apertado por sinal, que nos levava a cozinha, onde bandejas, colheres, panelas, copos sujos disputavam um lugar na pia.Uma pequena mesa com uma toalha azul e umas banquetas estava no centro do ambiente.Quando ele abriu o quarto, tivemos uma surpresa, ele criava uma iguana, o animal estava imóvel em cima do travesseiro, nas paredes uma decoração apropriada para uma festa de Halloween porém muito original.Rafa era muito talentoso com a decoração, talvez por nunca ter lido uma revista Casa & Cia.
            Enfim, abriu a porta do quarto onde ficaríamos instalados, era o melhor lugar do apartamento, havia uma cama de casal com uma bela colcha dourada, uma TV, um guarda-roupa. Era um ambiente tradicional naquele apartamento exótico, se assim podem me entender. Deixamos nossas malas no quarto, e Rafa nos disse:
            -Espero que tenham gostado! É simples, mas acho que dá para sobreviver!
            -Sem problemas, cara! – eu disse.
            -Primeiro, darei um jeito nesta louça que está pior do que um botequim de quinta categoria na favela!- Soraya disse mostrando-se prestativa.
            -Eu avisei alguém hoje de manhã que vocês estavam chegando, tenho certeza de que vão gostar da visita! - ele nos disse com uma feição que misturava ansiedade e felicidade.
            -Posso saber quem é mocinho? –perguntou Soraya enquanto lavava os copos sujos de marcas de batom.
            -Só quando a pessoa chegar! ele respondeu.
            Até o horário do almoço, fiquei conversando com Rafael na sala, fazendo os preparativos da festa que seria no próprio apartamento já que gastar muito não estava nos nossos planos. Quando, a campainha tocou:
            -Quem será? –perguntou Rafa vendo através do “olho mágico” da porta.
            Nos segundos que demoraram para ele virar a chave na porta, apertando o seu chaveiro em formato de trevo - da- sorte, torci para que a tal visita não fosse mais um problema para a gente. Será que a minha torcida havia dado certo?
            Quando a porta se abriu, Soraya correu para a sala, enxugando as mãos em um pano de prato, ah, se ela soubesse como ficava linda de “dona de casa”, melhor e mais sexy do que a Dona Florinda. Eu quase subi no sofá com medo de que fosse o “filho do esperto”, até que a porta se abriu de uma vez e percebemos a presença de um rapaz de estatura média com uma camiseta do Palmeiras, aquela verde marca-texto, e um sorriso sem graça no rosto.
            -Fábio! Que bom que você veio!- disse Rafael, o empurrando para dentro.
            -Oi! –foi a única coisa que Fábio conseguiu dizer.
            Não tivemos palavras também para cumprimentá-lo naquele momento. Ele era o meu melhor amigo no RPG e era ele quem irritava Soraya com suas perguntas inconvenientes, talvez o seu inimigo número dois. Eu não falava com ele desde o meu início de namoro com Alessandra, mas sabia perfeitamente que ele e Soraya se estranhavam assim como cão e gato. Se era possível amar alguém através da internet também era possível odiar outra.
            Soraya voltou para a cozinha sem dizer nada, certamente estava furiosa com a situação. Eu sorri sem graça e o cumprimentei diplomaticamente já que não tinha problemas com ele além do ciúme sobre minha vampira. Houve um período que Fábio deu em cima da minha amada, que resistiu, mas em um momento de loucura ou sei lá o que, fez com que sua personagem não resistisse a insistência dele. Não gosto de lembrar disso, por mais que ela fosse a minha bebê era muito vingativa ao ponto de o iludi-lo só para me machucar.E se ele ainda a amasse?Estaria eu diante do meu amigo ou o mais novo inimigo?Soraya o rejeitaria mais uma vez ou me provocaria mais uma vez de uma forma diferente?E se ele descobrisse o atual estado dela e espalhasse pelos jornais?
            -O almoço está pronto!-gritou Soraya em um tom orgulhoso.
            -Almoça conosco? –perguntou Rafael olhando para o amigo.

Parte 17 – São Paulo


Parte 17 – São Paulo
“E isso era irônico demais com o trajeto que seguia, São Paulo era grande, mas, todos sabem que segredos não ficam guardados por muito tempo”
            Quando enfim chegamos ao aeroporto de Cumbica já havia amanhecido e Rafael nos esperava, com o seu cabelo espetado e cara de ansioso. Assim que pegamos as nossas malas falamos com ele.
            -Pela primeira vez estou vendo o casal que deu certo devido ao meu jogo! De certa forma eu sou o responsável por isso, estou tão feliz!-ele disse nos abraçando de uma só vez como se fosse um tamanduá.
            -Hehe... – foi a única coisa que tentei ao menos dizer.
            -Maninho!- Soraya disse. E me fez lembrar que os dois tinham uma relação de irmãos virtualmente, e se ajudavam na medida do possível, igual ao episódio quando eu me afastei dela e ele escreveu que não iria deixar mais nenhum “falso cunhado” fazer mal á ela. Seria mais cômico, se não fosse tudo verdade. E agora a origem de todo o mal era ela, e os demais eram vítimas dessa história sanguinária.
            Ele nos guiou até o seu Ford Fusion prata, o carro era maravilhoso por fora, mas por dentro explicava o fato de Rafael ter pagado tão barato pelo carro.
            -Valeu a pena comprar esse carro, a aparência engana perfeitamente!- ele disse rindo enquanto tentava fazer o motor funcionar.
            -O que é isso?- indagou Soraya tirando uma calcinha vermelha de renda debaixo do banco do passageiro. -Você é um trav...
            -Que isso, mana!É da Mel!Quê isso achar que sou um travesti!- e deu um sorriso amarelo.
            -E a Sabry? Ela está ansiosa para te visitar, mas se souber que você está com a Mel! – eu o alertei.
            -Eu gosto da Sabry, na real eu a amo! Mas, a Mel é mais acessível, me entende?Está em São Paulo mesmo, pego e deixo na hora que posso!- ele se desculpou, ou ao menos tentou.
            -Você é o meu irmão virtual, mas eu não tolero que seja tão cafajeste ao ponto de brincar com os sentimentos da minha melhor amiga, ok? –Soraya disse em um tom de alerta, confesso que achei que o pescoço dele iria sangrar naquele momento.
            -Tudo bem! Eu converso com ela todo dia, e já sei que vocês estão fugindo do Cle e que a Sora virou... - ele não concluiu.
            -Nem me lembre disso! – ela o interrompeu.
            -Bom, na minha vizinhança tem muitos animais que desejo a morte deles, se quiser posso ir te indicando conforme sua fome chegar, para isso me avise antes, ok?-ele disse.
            Eles conversavam como se tudo fosse absolutamente comum, o fato de que ela era uma vampira e que os animais serviam de alimento. Achei o papo estranho e horrível. Eram sete da manhã e ainda enfrentávamos um trânsito caótico, quando o celular de Soraya começou a tocar. Com certeza a família Priesly já sabia da nossa fuga.
            -São eles, é o número da minha casa!O que eu faço?- ela me perguntou.
            -Atende de uma vez e explique o real motivo!- eu respondi.
            -O ar poluído daqui afetou os seus neurônios, ou o quê? Você não entendeu qual parte sobre fugir? – ela me fitou com os olhos ameaçadores de sempre.
            Ela pegou o celular, abriu o compartimento atrás onde fica bateria, retirou o chip, me entregou o aparelho, abriu a janela do Ford Fusion que estava emperrada por sinal e mesmo com metade do vidro aberto, atirou o chip no rio Tietê. Praticamente, um crime ambiental, se aquele rio não fosse tão poluído que um cisco a mais não alteraria aquele esgoto a céu aberto.
            -Pronto, resolvi! – ela disse limpando as mãos como se as tivesse sujado, atirando o chip pela janela.
            Apenas dei o meu sorriso quando não tenho palavras a dizer e cujo significado era “se é assim, assim está bem”. Rafa ligou o rádio que começou a tocar a música do Barão Vermelho, “Puro Êxtase”. Soraya começou a dançar alucinadamente que o banco traseiro estava pequeno para nós dois, minha cabeça foi parar no vidro.
            -Ela está suada e pronta para se derreter!Ela é puro êxtase!- ela repetia o refrão da música sem parar. – Se o galo cantou é que tá na hora de chegar, de tão alucinada já ta rindo á toa, quando olha para os lados a todos atordoa! A sua roupa montada parece divertir os olhos gulosos de quem quer me despir! Ela é puro êxtase!- faltava uma garrafa de champanhe nas mãos para completar a alucinação da minha amada. - Sou eu, essa música é minha!Como se fosse o Wend, cantando para mim!
            Uma coisa ela tinha em comum com a música, os olhos gulosos. Fiquei a admirando por mais que negasse, ela era ordinária e perfeita, uma mistura maravilhosa que formava a minha vampira, a mais deslumbrante de todos. Eu disse minha? Até quando seria minha?

Parte 16 – No Avião


Parte 16 – No Avião
       “E mais uma vez seu feitiço havia dado certo pelo menos o início, já que eu não esperava sossego nos próximos tempos.”
            Chegamos ao aeroporto e logo o nosso vôo foi anunciado. Fizemos o check-in e aguardamos. Logo, já estávamos sentados em duas poltronas confortáveis e vermelhas e o melhor sem a terceira pessoa ao lado. Sentei próximo da janela porque adorava visualizar a pista de decolagem ser substituída pelas nuvens e aos poucos tudo parecer tão pequeno. Mas, estava escuro demais para qualquer visualização, somente as luzes pareciam vaga-lumes no chão.
            Soraya abria o seu livro e ligava a luz de leitura, estava lendo Amanhecer de Stephenie Meyer, o último da saga Crepúsculo, ao que me parecia adequado para uma recém-vampira. Ficamos em silêncio durante a maior parte do percurso, enquanto ela lia, eu tentava dormir, o que era impossível já que os meus pensamentos estavam voltados no momento em que a família Priesly encontrasse o bilhete, se é que haveria um bilhete e que o conteúdo fosse aquele que Soraya havia me contado.
            Peguei uma revista disponível no banco e comecei a folheá-la, haviam entrevistas com personagens da Fórmula 1 , achei muito entediante e eu sempre acreditei que nessas corridas haviam trapaças e muito jogo sujo.Resolvi ler os classificados no verso da entrevista era algo como um “correio sentimental”, pessoas expondo suas características,gostos e endereços em busca de uma “alma gêmea”.
            -Não acredito que com tanta tecnologia isso ainda existe! – eu disse, amassando a revista.
            -Ai, você me assustou, seu estrupício! O que te chateou na revista? Deixe-me ver, está com raiva do Bruno Senna? Ele não tem talento como o tio dele, mas... - ela disse deslizando os dedos pelas páginas da revista.
            -Não é isso! É isso! – eu disse abrindo na página onde estava o correio sentimental.
            -Parece que esse povo está atrasado, pelo menos eles têm e-mails! Mas, o que tem nisso de tão ruim, Wend?- ela perguntou olhando para a minha cara com espanto.
            -Nada em especial, só me fez lembrar de quando eu te conheci!-respondi.
            -Que eu saiba não nos encontramos em um site de relacionamento, de namoro, foi o acaso do jogo, acho que você está perturbado! – ela disse colocando a mão gélida na minha testa quente.
            -Ai, eu não estou perturbado! Só me arrependi de ter vindo com você, uma zumbi, não sei! Um cadáver que fala, anda e... Eu sou um panaca! – eu disse abaixando a cabeça.
            -Você não é um panaca, talvez tenha uns 5% de panaca, mas a revista não tem culpa das suas loucuras e surtos, e outra, essa loucura valerá a pena, você está com quem realmente ama!
            -Correndo risco de vida, tem mais algum ponto positivo de agüentar uma “mortinha” me mandar o que e não fazer?-perguntei com raiva.
            -Grita para todo mundo no avião ouvir que eu sou uma vampira, quer um megafone?Achei que você gostasse tanto de Pushing Daisies e amores impossíveis que decidi fazer essa surpresinha para você, eu sou a sua Chuck, meu bem!
            -A Chuck não é tão ruim quanto você, e eu precisaria de um labrador marrom e ter uma “toca da torta”!
            -E quem te disse que você é o meu confeiteiro? Você é mais do que um ressucitador, mas se quiser me ressucitar...
            -Devo ligar para a polícia, para a funerária ou o quê?
            -Me beije!-ela me pediu, com os olhos cintilantes.
            -Ok, te beijar e ter uma hipotermia, ter um ataque no avião e cairmos na ilha de Lost! Onde você confundirá os nossos caminhos e comerá todos da ilha!
             -Ás vezes, eu acho que a sua mentalidade é tão fértil, que você deveria começar a escrever uma história sobre a nossa relação desde o início até o meu estágio atual!Você vive reclamando, talvez o melhor fosse se eu tivesse deixado você em Curitiba com a minha irmã, daí o Cle...
            -Não continue! Você não ficará repetindo o nome desse “filho do esperto” enquanto eu estiver vivo e por perto! – eu disse.
            -Quanta rima, que tal virar um trovador?Eu tenho uma musiquinha! “Hoje as pessoas vão morrer, hoje as pessoas vão matar, espírito fatal e a psicose da morte estão no ar, o mundo poderia acabar, já agora neste momento, por que só eu estou sabendo e eu já fiz tudo que já tinha pra fazer hoje”!
            -Uau! Bela música, ainda bem que a sua voz também não ficou monstruosa, como as demais partes!
            -Acho melhor você descansar e se conscientizar de que o elo que nos une está cada vez mais forte, e eu já não posso ficar sem você e vice-versa! Você é meu, e eu serei tua assim ninguém mais poderá nos separar nem a distância de um amor virtual nem o coração ferido de um vampiro malvado! Quantas vezes eu terei que demonstrar que eu... Eu...
            -Que você...?
            -Que eu estou te... Te protegendo de todo mal que ronda a sua vida!Sei que a culpa é minha, mas eu só quero ter você por perto!
            -Minha amada cadáver, ou seria a minha noiva cadáver? Tim Burton adoraria te conhecer! Você está falando tão bonito que eu achei que agora iria se declarar para mim!
            -Eu? Me declarar para um ser tão estúpido e chato como você? Imagina só, eu me derretendo por um humano orgulhoso que não assume que está feliz ao meu lado!
            -Você não se derrete porque é mais gelada do que um iceberg, mas agora com o aquecimento global pode ser que o seu gelo derreta!Eu não vou mais discutir, porque detesto barracos em lugares públicos!
            Como ela podia ser tão dissimulada e orgulhosa em dizer aquilo depois de tudo? Como se eu estivesse ali por espontânea vontade ao invés do perigo! QUEM disse que ela era o melhor para mim e que este era o melhor caminho? Poderia eu retornar e colocar um ponto final nesta história de ser o companheiro das aventuras e desventuras de uma recém-vampira?
           

Parte 15- Seqüestro



Parte 15- Seqüestro
 “A minha megera indomada me levava numa direção absurda, eu corria risco de vida, mas isso era tão importante?”
            Soraya abriu pausadamente a porta da sala para que eu pudesse levar as seis malas, uma quantidade exagerada com o guarda-roupa todo dela. Assim que o portão abriu, Sabry saltou do carro preto dando sorrisinhos de alegria.
            -Vocês sabem que sempre foram o meu trauma favorito no jogo! –disse ela unindo as mãos.
            -Obrigado, mas você pode abrir o porta-malas, por favor? –perguntei enquanto me equilibrava com as malas.
            -Só um minuto Wend!Deixe-me terminar de falar, não sabem o quanto eu estou emocionada com isso, vocês são tão perfeitos! –disse a garota apertando a minha bochecha.
            -Sabry, será que dá para abrir esse negócio logo?Ou está esperando que o Wend derrube todas essas malas e faça um barulho que desperte toda a minha vizinhança? – disse Soraya trocando a expressão de riso por raiva.
            -Ai que saco!No carro eu falarei mais!-ela disse com raiva enquanto o porta-malas espaçoso se abria.
            Após passos silenciosos e uma batida leve para que o portão trancasse, entramos no carro e Sabry saiu pilotando em alta velocidade como se estivesse na fórmula alguma coisa.
            -O que escreveu no bilhete? –perguntei á Soraya.
            -Eu escrevi “queridos, tive que tomar uma medida de emergência, levei o Wend comigo! Ale não me mate, ele nem te amava mesmo! Fiz o que será melhor para todos, quando a situação ficar mais estável prometo contar-lhes a verdade, beijos gelados da ETERNA Soso”!
            -Sua irmã desejará que eu morra e seus pais pensarão que isso é um seqüestro!Mas, não identifico ainda quem seqüestrou quem!- eu disse.
            -Um amor bandido vampírico, adoro filmes assim! –disse Sabry se remexendo em seu banco de couro rosa.
            -Não é filme, é vida real! – reclamou Soraya.       
            -Chegamos amores! – disse Sabry dando gritinhos entre as palavras de alegria. -Aqui estão as passagens e o Rafa disse que aguardará vocês no aeroporto de Cumbica, bem você tem o celular dele né, Soso?
            -Claro, muito obrigada, minha melhor amiga da vida virtual e real!Tudo está funcionando conforme o planejado! –disse Soso, abraçando a amiga entre os bancos do carro.
            -Você sabe que eu sou eficiente!Mas, antes de saírem eu quero tirar uma foto com vocês e outra de vocês! – disse Sabry, retirando da bolsa da pantera cor-de-rosa, uma câmera rosa para variar um pouco.
            Ela passou para o banco traseiro, nos abraçou e a máquina programada tirou um belo retrato apesar das nossas caras sonolentas.
            -Calma, agora eu quero uma de vocês se beijando! – ela pediu batendo a cabeça no teto do carro.
            -Isso não é possível!Não estamos juntos! – eu disse.
            -Oficialmente já estamos, basta você querer! – respondeu Soraya.
            Olhei para aqueles olhos verdes-escuros e, já que me envolvi em uma louca história e a minha relação com Alessandra havia saído pela porta, não hesitei. Sabry tirou uma foto que mais parecia com aquelas fotos de recém-casados.
            -Perfeita!Divirtam-se em São Paulo, meus amores! – falou Sabry em tom maternal, enquanto eu pegava nossas malas.
            -Se minha irmã aparecer na sua casa ou entrar em contato pelo Orkut ou algo do tipo, diga que não sabe de nada, e se o Cle aparecer... -recomendou Soraya.
            -Diga que a Soraya me seqüestrou para me matar, você não deve dar satisfações para aquele vampiro imbecil, o “filho do esperto”! – eu a interrompi.
            -Pode deixar, pretendo ir a São Paulo em breve! – disse Sabry.

domingo, 25 de julho de 2010

Parte 14 – A Fuga


            Parte 14 – A Fuga

“E se eu contasse tudo? Poderia estragar a fuga, mas o que  faríamos com uma vampira á solta? O melhor a se fazer era...”
            -Sua irmã está com problemas, acho!Mas, não quis me contar!
            -Estranho, porque você está com cara de cúmplice!Me entende? – Ela disse tocando no meu rosto.
            -Cúmplice? Só se for de um resgate! – disse sorrindo, tentando mais uma vez dispersar o assunto abordado.
            -Tá bom!Agora me beije como se fosse a última vez!
            Será que ela descobriu que esta era a última vez?Podia ler a minha mente? Eu deixava tudo tão evidente?Não poderia dar sinais da minha fuga.
            -Como assim? – perguntei, franzindo a testa.
            -Nunca ouviu a música “Bésame mucho”?
            -Ah, claro que sim!- só depois desse alívio, a beijei.
            Quando voltamos para a residência dos Priesly já era tarde, e para a minha sorte e de Soraya, todos foram dormir “cedo” naquele dia. Após me despedir de Ale, me tranquei no quarto como se fosse mais uma noite de sono, até ouvir três leves batidas na porta.
            -Já vai, calma!- eu disse com raiva. –Você?
            -Quem achou que fosse? A bruxa de Blair? Ou a minha irmã, a rockeira louca? Já arrumou tudo?
            -Sim, dona vampira, dona do meu sangue!
            -Cala a boca Wend!Acho melhor você sair por aí gritando e revelando a minha condição secreta!
            -Se eu gritar você me morderá? –olhei sugestivamente.
            -Não te morderei, mas posso te matar que é mais eficiente!
            -Quer saber? Eu não fugir com você, se o “filho do esperto” quiser me matar eu denuncio para o centro de aberrações da natureza antes de qualquer coisa ou para o zoonoses!
            -Primeiro isso não existe e ninguém vai acreditar em você! No mínimo você será internado em um hospício ou uma clínica de recuperação mental!
            -E você irá comigo já que o seu pai pretende te internar lá também!
            -Você já arrumou as coisas?
            -Já, vampira louca! Mas, ainda não sei porque entrei nesta fria literalmente!
            -Porque você ama, ainda!
            -Infelizmente tenho que admitir algo que não é perigoso em dizer, já que vou ficar com a “imagem suja” com a sua irmã!
            -Eu deixarei um bilhete á eles!
            -Vai escrever o quê? Seqüestrei o seu namorado, se quiser pague a recompensa de...
            -Não! Mas, pedirei desculpas por mim e por você!
            -Que bom! Acho que a vampira má ainda tem um bom coração, mesmo que seja de papelão!
            -Se for para você me tratar com essa ironia e sarcasmo é melhor que eu mate você e fuja sozinha!
            -Vá em frente! Me mate de uma vez, tire a minha alma, me deixe desencarnado, mas eu duvido que conseguirá se esquecer de mim, eu sou inesquecível, o seu presente do natal!
            -Você é definitivamente o meu karma!
            -Sabe que eu posso lhe dizer o mesmo!Por que estou no Paraná? Ah, porque uma guria virou vampira e maltrata os familiares, e o que eu tenho a ver com isso?Ah, eu namorei virtualmente por um longo tempo, com essa louca recém-transformada!
            -E agora está com a minha irmã!
            -Coisa que aconteceria se eu não te conhecesse naquele RPG!
            -Meu celular está tocando!
            -Atende, pode ser algum dos Volturi dizendo que sua cabeça será cortada!
            -Não me diga o que fazer ou não!Alô! Você já está aqui? Vamos sair! Wend pegue suas malas e as minhas também, enquanto eu abro aquela porta barulhenta com delicadeza!
            -Você levará quatro malas?-eu perguntei, não acreditando no peso que segurava.

Conversación


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Wendryck Wonka,webnovelista & designer. Tecnologia do Blogger.