Parte 17 – São Paulo


Parte 17 – São Paulo
“E isso era irônico demais com o trajeto que seguia, São Paulo era grande, mas, todos sabem que segredos não ficam guardados por muito tempo”
            Quando enfim chegamos ao aeroporto de Cumbica já havia amanhecido e Rafael nos esperava, com o seu cabelo espetado e cara de ansioso. Assim que pegamos as nossas malas falamos com ele.
            -Pela primeira vez estou vendo o casal que deu certo devido ao meu jogo! De certa forma eu sou o responsável por isso, estou tão feliz!-ele disse nos abraçando de uma só vez como se fosse um tamanduá.
            -Hehe... – foi a única coisa que tentei ao menos dizer.
            -Maninho!- Soraya disse. E me fez lembrar que os dois tinham uma relação de irmãos virtualmente, e se ajudavam na medida do possível, igual ao episódio quando eu me afastei dela e ele escreveu que não iria deixar mais nenhum “falso cunhado” fazer mal á ela. Seria mais cômico, se não fosse tudo verdade. E agora a origem de todo o mal era ela, e os demais eram vítimas dessa história sanguinária.
            Ele nos guiou até o seu Ford Fusion prata, o carro era maravilhoso por fora, mas por dentro explicava o fato de Rafael ter pagado tão barato pelo carro.
            -Valeu a pena comprar esse carro, a aparência engana perfeitamente!- ele disse rindo enquanto tentava fazer o motor funcionar.
            -O que é isso?- indagou Soraya tirando uma calcinha vermelha de renda debaixo do banco do passageiro. -Você é um trav...
            -Que isso, mana!É da Mel!Quê isso achar que sou um travesti!- e deu um sorriso amarelo.
            -E a Sabry? Ela está ansiosa para te visitar, mas se souber que você está com a Mel! – eu o alertei.
            -Eu gosto da Sabry, na real eu a amo! Mas, a Mel é mais acessível, me entende?Está em São Paulo mesmo, pego e deixo na hora que posso!- ele se desculpou, ou ao menos tentou.
            -Você é o meu irmão virtual, mas eu não tolero que seja tão cafajeste ao ponto de brincar com os sentimentos da minha melhor amiga, ok? –Soraya disse em um tom de alerta, confesso que achei que o pescoço dele iria sangrar naquele momento.
            -Tudo bem! Eu converso com ela todo dia, e já sei que vocês estão fugindo do Cle e que a Sora virou... - ele não concluiu.
            -Nem me lembre disso! – ela o interrompeu.
            -Bom, na minha vizinhança tem muitos animais que desejo a morte deles, se quiser posso ir te indicando conforme sua fome chegar, para isso me avise antes, ok?-ele disse.
            Eles conversavam como se tudo fosse absolutamente comum, o fato de que ela era uma vampira e que os animais serviam de alimento. Achei o papo estranho e horrível. Eram sete da manhã e ainda enfrentávamos um trânsito caótico, quando o celular de Soraya começou a tocar. Com certeza a família Priesly já sabia da nossa fuga.
            -São eles, é o número da minha casa!O que eu faço?- ela me perguntou.
            -Atende de uma vez e explique o real motivo!- eu respondi.
            -O ar poluído daqui afetou os seus neurônios, ou o quê? Você não entendeu qual parte sobre fugir? – ela me fitou com os olhos ameaçadores de sempre.
            Ela pegou o celular, abriu o compartimento atrás onde fica bateria, retirou o chip, me entregou o aparelho, abriu a janela do Ford Fusion que estava emperrada por sinal e mesmo com metade do vidro aberto, atirou o chip no rio Tietê. Praticamente, um crime ambiental, se aquele rio não fosse tão poluído que um cisco a mais não alteraria aquele esgoto a céu aberto.
            -Pronto, resolvi! – ela disse limpando as mãos como se as tivesse sujado, atirando o chip pela janela.
            Apenas dei o meu sorriso quando não tenho palavras a dizer e cujo significado era “se é assim, assim está bem”. Rafa ligou o rádio que começou a tocar a música do Barão Vermelho, “Puro Êxtase”. Soraya começou a dançar alucinadamente que o banco traseiro estava pequeno para nós dois, minha cabeça foi parar no vidro.
            -Ela está suada e pronta para se derreter!Ela é puro êxtase!- ela repetia o refrão da música sem parar. – Se o galo cantou é que tá na hora de chegar, de tão alucinada já ta rindo á toa, quando olha para os lados a todos atordoa! A sua roupa montada parece divertir os olhos gulosos de quem quer me despir! Ela é puro êxtase!- faltava uma garrafa de champanhe nas mãos para completar a alucinação da minha amada. - Sou eu, essa música é minha!Como se fosse o Wend, cantando para mim!
            Uma coisa ela tinha em comum com a música, os olhos gulosos. Fiquei a admirando por mais que negasse, ela era ordinária e perfeita, uma mistura maravilhosa que formava a minha vampira, a mais deslumbrante de todos. Eu disse minha? Até quando seria minha?

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Parte 17 – São Paulo


Parte 17 – São Paulo
“E isso era irônico demais com o trajeto que seguia, São Paulo era grande, mas, todos sabem que segredos não ficam guardados por muito tempo”
            Quando enfim chegamos ao aeroporto de Cumbica já havia amanhecido e Rafael nos esperava, com o seu cabelo espetado e cara de ansioso. Assim que pegamos as nossas malas falamos com ele.
            -Pela primeira vez estou vendo o casal que deu certo devido ao meu jogo! De certa forma eu sou o responsável por isso, estou tão feliz!-ele disse nos abraçando de uma só vez como se fosse um tamanduá.
            -Hehe... – foi a única coisa que tentei ao menos dizer.
            -Maninho!- Soraya disse. E me fez lembrar que os dois tinham uma relação de irmãos virtualmente, e se ajudavam na medida do possível, igual ao episódio quando eu me afastei dela e ele escreveu que não iria deixar mais nenhum “falso cunhado” fazer mal á ela. Seria mais cômico, se não fosse tudo verdade. E agora a origem de todo o mal era ela, e os demais eram vítimas dessa história sanguinária.
            Ele nos guiou até o seu Ford Fusion prata, o carro era maravilhoso por fora, mas por dentro explicava o fato de Rafael ter pagado tão barato pelo carro.
            -Valeu a pena comprar esse carro, a aparência engana perfeitamente!- ele disse rindo enquanto tentava fazer o motor funcionar.
            -O que é isso?- indagou Soraya tirando uma calcinha vermelha de renda debaixo do banco do passageiro. -Você é um trav...
            -Que isso, mana!É da Mel!Quê isso achar que sou um travesti!- e deu um sorriso amarelo.
            -E a Sabry? Ela está ansiosa para te visitar, mas se souber que você está com a Mel! – eu o alertei.
            -Eu gosto da Sabry, na real eu a amo! Mas, a Mel é mais acessível, me entende?Está em São Paulo mesmo, pego e deixo na hora que posso!- ele se desculpou, ou ao menos tentou.
            -Você é o meu irmão virtual, mas eu não tolero que seja tão cafajeste ao ponto de brincar com os sentimentos da minha melhor amiga, ok? –Soraya disse em um tom de alerta, confesso que achei que o pescoço dele iria sangrar naquele momento.
            -Tudo bem! Eu converso com ela todo dia, e já sei que vocês estão fugindo do Cle e que a Sora virou... - ele não concluiu.
            -Nem me lembre disso! – ela o interrompeu.
            -Bom, na minha vizinhança tem muitos animais que desejo a morte deles, se quiser posso ir te indicando conforme sua fome chegar, para isso me avise antes, ok?-ele disse.
            Eles conversavam como se tudo fosse absolutamente comum, o fato de que ela era uma vampira e que os animais serviam de alimento. Achei o papo estranho e horrível. Eram sete da manhã e ainda enfrentávamos um trânsito caótico, quando o celular de Soraya começou a tocar. Com certeza a família Priesly já sabia da nossa fuga.
            -São eles, é o número da minha casa!O que eu faço?- ela me perguntou.
            -Atende de uma vez e explique o real motivo!- eu respondi.
            -O ar poluído daqui afetou os seus neurônios, ou o quê? Você não entendeu qual parte sobre fugir? – ela me fitou com os olhos ameaçadores de sempre.
            Ela pegou o celular, abriu o compartimento atrás onde fica bateria, retirou o chip, me entregou o aparelho, abriu a janela do Ford Fusion que estava emperrada por sinal e mesmo com metade do vidro aberto, atirou o chip no rio Tietê. Praticamente, um crime ambiental, se aquele rio não fosse tão poluído que um cisco a mais não alteraria aquele esgoto a céu aberto.
            -Pronto, resolvi! – ela disse limpando as mãos como se as tivesse sujado, atirando o chip pela janela.
            Apenas dei o meu sorriso quando não tenho palavras a dizer e cujo significado era “se é assim, assim está bem”. Rafa ligou o rádio que começou a tocar a música do Barão Vermelho, “Puro Êxtase”. Soraya começou a dançar alucinadamente que o banco traseiro estava pequeno para nós dois, minha cabeça foi parar no vidro.
            -Ela está suada e pronta para se derreter!Ela é puro êxtase!- ela repetia o refrão da música sem parar. – Se o galo cantou é que tá na hora de chegar, de tão alucinada já ta rindo á toa, quando olha para os lados a todos atordoa! A sua roupa montada parece divertir os olhos gulosos de quem quer me despir! Ela é puro êxtase!- faltava uma garrafa de champanhe nas mãos para completar a alucinação da minha amada. - Sou eu, essa música é minha!Como se fosse o Wend, cantando para mim!
            Uma coisa ela tinha em comum com a música, os olhos gulosos. Fiquei a admirando por mais que negasse, ela era ordinária e perfeita, uma mistura maravilhosa que formava a minha vampira, a mais deslumbrante de todos. Eu disse minha? Até quando seria minha?

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