Parte 13- Perguntas
“Já não dava mais para mentir e ela era a minha atriz favorita...”
O dia estava normal como sempre, mas eu já não conseguia abraçar e beijar Alessandra com a mesma intensidade e carinho de antes. Havia uma “barreira” que me impedia.
Ninguém notou a minha mudança comportamental, e Soraya também agia normalmente, me ignorando para não demonstrar que nossa relação havia mudado. Na sala, Ale me perguntou:
-Hoje pela manhã, o que ela queria com você? Ficaram quase uma hora trancados, fiquei preocupada!
Pensei na resposta mais rápida e que não demonstrasse que eu estava mentindo.
-Ela achou que iria morrer de hipotermia, e então resolveu me pedir desculpas e esclarecemos a nossa relação mal resolvida do passado!-disse com um sorriso amarelo.
-Estranho, se tudo está bem agora, por que ela te ignora?
Eu sabia que Ale era tão esperta quanto a irmã mais velha, e que o melhor a se fazer era fugir já que não agüentaríamos tantas perguntas.
-Você conhece sua irmã melhor do que eu!Sabe o quanto essa garota é orgulhosa, jamais dará o braço a torcer!
-Isso é verdade, ela é uma peste mesmo!Mais uma vez não almoçou só para nos deixar com raiva!Mamãe não que dizer, mas ela acha que Soraya parece um daqueles mutantes da TV!
-Mutante?Bobagem!Acho que ela é pior do que um mutante, sem dúvida!
-Ás vezes acho que ela é um alienígena, afinal herdou os olhos claros do nosso pai, e ele também parece um E.T quando falar ao celular aquela linguagem de câmbio!
-Ela pode comer escondido!
-Tudo bem que ela queira comer fora e tal, mas, não precisa fazer desfeita da comida da mamãe que é tão gostosa!
-Realmente, dona Miranda é uma chefe de cozinha e tanto!Mas, a cabeça da sua irmã não pode ser controlada!- disse para tentar mudar o assunto, antes que a minha “boca grande” revelasse algo.
-Ainda bem que herdei isso dela!Você não passará fome, agora a Soraya só cozinha quando quer, e na maioria das vezes faz macarrão instantâneo e pipoca, quer dizer cozinhava porque agora parece uma pata choca!
Assistimos a uns filmes durante a tarde inteira. Soraya permaneceu no quarto arrumando as malas, disse para nós que precisava relaxar após a sua crise de hipotermia. Miranda acreditava que tanto nervoso era a proximidade do resultado do vestibular.
Após o jantar, Ale me convidou para dar uma volta no parque. Aceitei, pois seria o meu último encontro com ela, mas sabia que na madrugada a minha vida tomaria um rumo ainda mais diferente.
Aproveitei aquela noite para conhecer o máximo de Curitiba, a Praça Osório e outros pontos. Na frente de uma fonte, Ale segurou as minhas mãos, olhou nos meus olhos e disse:
-Você parece estranho desde que saiu do quarto dela, está acontecendo algo que te perturba e quer me contar?
-Nada me perturba!-respondi com aspereza.
-Acredite, apesar da virtualidade, eu te conheço muito bem e sei que algo no seu rosto te apavora!
Arrumei os meus óculos e não respondi.
-O que você quer me contar?-ela insistiu.
-Te contar?
-É sobre a Soraya? O que você sabe? –ela apertou com muita força os meus pulsos.
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