Capítulo 2 – Pensamentos
“Por qué si el mundo giraba a nuestro favor se ha detenido rompiéndolo todo?”
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pesar de toda tecnologia, eu preferia que ela me mandasse cartas, através da letra pode se interpretar o estado de espírito da pessoa, existem estudos cada vez mais profundo em análises de letras, a ciência chamada de Grafologia. Bastaria um borrão, e eu já sabia o quão ela estava nervosa. O papel nos aproximava, era como se eu estivesse lendo enquanto ela estava rindo da minha cara.
Por mais que eu dissesse que a amava, este era o meu penúltimo ano na faculdade e tinha outras coisas para me preocupar, obviamente os olhos verdes estavam juntos com todo o conteúdo da avaliação. Mas, e se ela resolvesse se casar com um vampiro? Eu perderia toda a minha juventude à toa esperando uma vampira? Se isso acontecesse, acho que me casaria com a primeira que aparecesse na minha frente, sem pensar.
No começo, eu sabia que Soraya me achava muito imaturo para ela, devido ao meu jeito zombeteiro, de tirar sarro de tudo e rir de qualquer coisa e à toa. Mas, depois de tantas mudanças, fui amadurecendo, mesmo que aos poucos. A loucura havia tornado uma realidade, agora já era tarde demais para quebrar o elo que nos unia. S e W estavam tão próximos, como se não existissem as demais letras.
Lembrei-me de um recado dela no Orkut dizendo que W e S participavam do nome do colégio do nosso ponto de início, o da novela Rebelde, o Elite Way School (E.W.S.). O destino escreve as nossas vidas e por mais que tentemos fugir, ele nos laça mais uma vez.
Caro leitor, imagine você trazendo o jantar para casa, um novilho e a sua esposa ataca o animal ainda cru na cozinha, se sujando de sangue... Ao ver isso qualquer um se tornaria um legítimo vegetariano, não acha?
Além disso, ela ficaria constrangida de atacar o animal na minha frente, e conseqüentemente nós brigaríamos. E quando estivesse satisfeita, o tempo que durasse, eu teria que fazer as refeições sozinho.
Não poderia levá-la a um restaurante, já que ela não comeria absolutamente nada, e eu passaria o maior vexame como o único faminto. Se a levasse para um hotel fazenda, ela se sentiria em um restaurante.
Eram tantas suposições, indagações, medos e anseios que para compreender o mundo em que eu vivia resolvi assistir “Drácula, o vampiro da noite”. As cenas eram muito clichês, e pouco parecidas com o que eu realmente via. Christopher Lee estava mais para ator de comédia do que colocar medo na pele do todo poderoso Drácula. Também o filme era de 1955, não podia criticá-lo tanto, já que era a primeira película colorida com vampiros.
Resolvi então assistir “A hora do espanto” de 1985, mais um clássico adolescente, acabei derrubando pipoca na cama quando vi a vampira cheia de dentes e sangue. Soraya ainda era atraente, mesmo que cheirasse à sangue e essa vampira era horrorosa, espantava qualquer um. Rapidamente, tirei o DVD. Para terminar a minha “sessão vampiresca”, coloquei a história mais água com açúcar e a que mais se assemelhava com a minha, Crepúsculo. Onde os vampiros são bonzinhos, mas não são compreendidos. Talvez o livro me ensinasse melhor como lidar com a sua namorada vampira adolescente que se alimenta de animais indefesos, e se sente complexada pela sua condição. Quase dormi, pois o filme é muito parado, decidi que no outro dia eu iria pesquisar melhor sobre os vampiros.